De ‘anti-Lula’ a arrependido: após rótulo da imprensa, Doria pede desculpas ao petista

Foto: Valter Campanato | Agência Brasil

João Doria, que há 8 anos foi rotulado pela imprensa como “anti-Lula”, nunca encarnou realmente essa oposição. Na verdade, a imagem de antagonista ao petismo foi uma construção conveniente, mas que, em essência, não se sustentava. Assim como o PSDB, partido ao qual Doria foi filiado e que supostamente se posicionava como alternativa ao PT, ele encenou uma postura de embate, mantendo, no entanto, uma proximidade política que refletia mais um roteiro pronto do que um confronto verdadeiro.

A dinâmica é conhecida como o “teatro das tesouras”: uma estratégia em que partidos e políticos simulam estar em lados opostos, mas, na prática, estão alinhados em várias frentes. O enredo de rivalidade aparente, mas convergência prática, ficou claro agora, com a reaproximação de Doria ao governo Lula.

Em carta pessoal, entregue por Geraldo Alckmin, Doria, segundo informações do jornal O Globo, admitiu “exageros e equívocos” nas críticas ao presidente, reconhecendo que suas palavras duras no passado foram um erro. Durante a campanha de 2018, por exemplo, Doria chegou a dizer que Lula, então preso, “deveria ser tratado como qualquer outro presidiário” e que poderia “fazer algo que nunca fez: trabalhar”.

Hoje, o empresário que se pintava de ‘anti-Lula’, se desculpa por essas falas, tentando construir pontes e abandonar a imagem de rival. O movimento de Doria parece também uma resposta à ascensão do grupo Esfera, de João Camargo, que tem disputado influência com o Lide, organização fundada pelo próprio Doria. Ambos os grupos têm propostas semelhantes: aproximar empresários de figuras políticas e abrir espaço para a influência do setor privado nas decisões do governo.

Deu no Conexão Política

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