‘Não é só crime organizado, é máfia’, diz secretário nacional de Segurança sobre atuação de facções na eleição

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Com atentados à bala contra candidatos e recorde na apreensão de dinheiro vivo durante as eleições de 2024, o Ministério da Justiça avalia que as facções criminosas já avançaram para um nível de máfia no Brasil. Este é o diagnóstico feito pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mario Luiz Sarrubbo, que criou um grupo de trabalho na pasta para propor um conjunto de leis antimáfia.

— Não é só crime organizado, é atuação de máfia. (Ações criminosas durante as eleições) são a comprovação do diagnóstico que nós fizemos. Está muito claro que há articulações do crime com o mundo privado e que eles estão procurando construir ligações com o mundo público — disse Sarrubbo ao jornal O Globo.

O país teve um aumento de 130% nos casos de violência política durante as eleições deste ano em comparação com o pleito de 2020. Os dados são de uma pesquisa feita pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global. Entre os registros, há o episódio do candidato a prefeito de Taboão da Serra (SP) que foi baleado no ombro e uma candidata a vereadora do Rio que teve o carro cravejado a tiros. Além disso, conforme informações da Polícia Federal, foi apreendido um volume recorde de dinheiro em espécie (R$ 23,3 milhões) em investigações sobre corrupção eleitoral e compra de votos — isso representa quinze vezes mais do que o valor confiscado na última eleição municipal, em 2020.

Diante desse cenário, o secretário responsável pela área de segurança pública no governo federal afirmou que é precisar construir uma “reação” a nível nacional.

— Nós temos que reagir à altura. Por isso, estamos trabalhando no campo legislativo. Mas é preciso sair do lugar comum de aumentar a pena. A ideia é ser muito mais consistente e efetivo em medidas cautelares, como abreviar procedimentos para a perda de bens dos criminosos — afirmou ele.

Sarrubbo defende que ações na Justiça sejam “desburocratizadas” para evitar que os pertences apreendidos de facções sejam devolvidos ou que criminosos saiam pela porta da frente da cadeia por brechas na legislação. É o que aconteceu com o suposto chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC) André Oliveira Macedo, o André do Rap. Ele foi libertado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020, teve nova prisão decretada em seguida e desde então está foragido. No ano passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) mandou a polícia paulista devolver um helicóptero de R$ 7,2 milhões que supostamente pertencia à quadrilha de André do Rap, segundo as investigações.

Deu no O Globo

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