Nesta quarta-feira (23), duas psicólogas, funcionárias do Centro Especializado em Reabilitação de Areia Branca (CER II) foram exoneradas do cargo. Após a demissão, ambas apontaram perseguições políticas, visto que ambas votaram em Manoel Cunha Neto, o Souza (União Brasil), para ocupar a Prefeitura a partir do dia 1° de janeiro de 2025.
A primeira profissional demitida, Jacquellyne Santos, especializada em TEA (Transtorno do Espectro Autista) afirma que ela já vinha sido o principal assunto de piadas e insultos há dois meses das eleições, pois ela fazia parte do partido da atual gestante Iraneide Rebouças, o PSDB.
“Já havia um tempo que eu vinha tentando [um trabalho], eu era do partido de Iraneide, eu vinha tentando conseguir algo para trabalhar com crianças autistas, porque eu sei que é uma grande necessidade. Até então, eu não tive apoio e decidi procurar Souza, conversei com Souza e ele me deu todo o apoio, eu fui à reunião das mães autistas com Souza, fiz reuniões e tudo, e quando o partido de Iraneide soube, dois meses antes da eleição, me chamaram para trabalhar.”
“Eu tenho duas filhas e cuido sozinha. Eu fui orientada por Souza a aceitar o trabalho, porque ele confiava em mim. Então, eu aceitei o trabalho, justamente porque eu estava desempregada, sem emprego que necessita de carteira assinada, então aceitei.”
“Só que quando eu aceitei o trabalho, começou a perseguição para me obigrarem a ir para a passeta, porque Souza postou vídeo comigo, eu disse que não iria, e começaram as perseguições tentando me obrigarem a ir aos eventos. Eu não fui a nenhum. Eu fiquei calada, Souza disse que eu ficasse apenas calada e que eu não iria para a passeata deles, e eles ficaram na dúvida sobre quem eu votaria na urna, porque eles colocaram para dentro na expectativa de calar a minha boca em 2 meses e votar neles, mas não iriam calar, porque eu sabia o que estava pensando, há muito tempo procurei pela Prefeita atrás de emprego e ela me colocou achando que iria calar minha boca e votar no candidato dela, mas não votei.”
“E quando vinha as passeatas, eu sempre iria olhar. Eles ficavam de olho, mas nunca ia para o meio da bagunça, para o meio do pessoal, porque eu trabalho e tenho duas crianças para dar de comida, eu sou mãe solo. Então, eles começaram a me perseguir e me colocaram para trabalhar como fiscal no dia da eleição, eu disse que não iria para cuidar das crianças, mas eles me obrigaram e disseram para ficar indo e vindo.”
“Mas, graças a Deus, Souza ganhou, votei nele, mas continuei calada. A partir daí, começaram as perseguições, as indiretas, e todos ficaram distante de mim.”
“Ontem, teve a vitória de Souza no Tribunal, eu fui para a esquina assistir, quando cheguei no trabalho, muitos me olharam com cara feia, eu trabalhei normalmente, calada, até me surpreender com a demissão.”
Jacquellyne ainda mostra um ‘print’ de um desabafo feito via WhatsApp no grupo da instituição.
Já a segunda profissional demitida, que não quis revelar seu nome, conta praticamente o mesmo relato, mas com poucas palavras em relação a Jacquellyne.
“Depois dos resultados das eleições as piadas eram constantes, que existia traíras lá.. e depois disso ficou um clima muito chato. Quando foi hoje fui surpreendida por essa notícia da demissão. Já sabia que isso iria acontecer, mais não agora devido aos pacientes, as crianças necessitarem de atendimento.. teve gente que estava aguardando mais de ano por essa vaga, e agora ficou sem profissional.”
“Estávamos na festa da criança quando recebi a mensagem do rapaz da empresa chamando que queria conversar algo, quando cheguei lá ele falou que tinha chegado pra ele uma lista de pessoas pra se desligar e eu era uma delas. Mas em nenhum momento ninguém do próprio CER veio falar conosco. Nos removeram dos grupos e ficou por isso mesmo. Então creio que todos estavam cientes, menos nós.”