STF ignora Congresso e tenta conciliação sobre marco temporal

Foto: Fellipe Sampaio/SCO-STF/Arquivo

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) reúne representantes de povos originários e de partidos políticos, nesta quarta-feira (28), em uma segunda audiência de tentativa de conciliação sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas.A audiência trata da lei aprovada pelo Congresso Nacional, contrária ao interesse da maioria dos indígenas por limitar seus direitos de propriedade às terras ocupadas até o dia 5 de outubro de 1988, quando promulgada a Constituição Federal.

No âmbito das ações ajuizadas pelos partidos políticos PL, PP e Republicanos, a audiência ocorre enquanto tramita no Senado a proposta de emenda à Constituição (PEC 48/2023), que pode ser votada em outubro. E terá a presença da Articulação dos Povos Indígenas (Apib), após esta principal entidade representativa dos indígenas ameaçar deixar a comissão no STF, por criticar a condução da primeira audiência de conciliação, realizada no início deste mês.

A Apib confirmou que estará na audiência de hoje, mas considera os direitos de posse das terras indígenas inegociáveis e que não há paridade no debate sobre conciliar tal questão com partidos políticos.

O cronograma de audiências de tentativas de conciliação prossegue até 18 de dezembro deste ano, dando tempo para o Congresso analisar e votas a PEC sobre o tema, sem a interferência de nova decisão do Supremo.

O ministro do STF, Gilmar Mendes, é relator das ações que tentam manter a validade do projeto de lei que reconheceu o marco temporal, quando o Congresso derrubou o veto do presidente Lula (PT) à nova lei que validou o marco.

Mendes também relata processos nos quais entidades que representam os indígenas e partidos governistas contestam a constitucionalidade da tese.

O decano do Supremo já rejeitou pedido de entidades favoráveis aos indígenas para suspender a lei aprovada no Congresso. Mas, em setembro do ano passado, o STF decidiu contra o marco temporal e acelerou a decisão dos parlamentares de aprovar a lei, que acabou sendo vetada por Lula com a mesma argumentação do acórdão do Supremo.

Deu no Diário do Poder

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