Uma investigação conduzida pelo Ministério Público de São Paulo mostrou que agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) atuavam com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) para transferir usuários da Cracolândia sob pedido de propina.
Segundo as informações do MP, os GCMs espalhavam os usuários de droga por uma região de comércio. Em seguida, faziam os lojistas pagarem cerca de R$ 50 mil reais por mês para retirá-los do local e fazê-los migrar, mais uma vez, para outra área de comércio.
O Fantástico deste domingo (25) teve acesso, com exclusividade, aos detalhes dessa investigação, que mostram como o PCC se organizou e dominou toda a região central de São Paulo. São depoimentos em áudio e vídeo de testemunhas protegidas.
“Era um oferecimento de um serviço de segurança privada para poder oferecer aos comerciantes uma suposta tranquilidade. Por isso foi usado o termo milícia”, revela Lincoln Gakiya, promotor de Justiça.
O grupo criminoso também atuava em outras frentes para garantir a lucratividade da Cracolândia. Uma das testemunhas diz que integrantes da GCM e um policial avisavam os traficantes das operações com antecedência.
Outra ação acontece por meio da exploração da mão de obra dos dependentes químicos em ferros-velhos clandestinos.
• Testemunha: “Esses ferros velhos são depósitos de esconderijo de drogas.”
• Promotor: “Você sabe se o crime, os criminosos aí, integrantes do PCC, foram comprando esses hotéis e prédios velhos aí na região?”
• Testemunha: “Sim, sim, sim.”
Os hotéis, por sua vez, funcionam como um “QG do crime” para armazenar as drogas. Uma região central para a milícia é a Favela do Moinho, que se tornou uma base do PCC e também serve como depósito de armas e drogas. (Veja detalhes na reportagem acima)
O que dizem as partes envolvidas
O guarda Antônio Carlos Oliveira nega, de forma veemente, as acusações.
A defesa do GCM Elisson de Assis também alega inocência e diz que o agente tem uma empresa de monitoramento. “Essa empresa é totalmente legal. Várias testemunhas confirmam que são clientes da empresa dele e que nunca foram coagidas a contratar a empresa”, diz a defesa.
Já o advogado da agente Renata Scorsafava diz que “ela sempre trabalhou no serviço administrativo” e “nunca teve envolvimento direto e indireto com essa questão de milícia”.
A Prefeitura de São Paulo disse que “desconhece a atuação de milícias na cidade” e que “repudia qualquer tentativa de uso do episódio para comprometer a credibilidade da corporação” e que apura “eventual enriquecimento ilícito por parte dos agentes públicos municipais”.
Deu no G1 – Fantástico