Contra a favorita Espanha, o Brasil perdeu por 2 a 0 no futebol feminino, nesta quarta-feira, e precisará secar rivais para avançar às quartas de final da Olimpíada de Paris-2024. A partida pode ter marcado a despedida de Marta, que foi expulsa nos acréscimos do primeiro tempo e disputa seus últimos Jogos Olímpicos em Paris-2024. Se não avançar ao menos até a semifinal, a seleção estará eliminada.
A expulsão de Marta se deu após voadora em Olga Carmona no estádio de Bordeaux. Logo após o lance, ainda no chão, a meia foi aos prantos, percebendo a intensidade do lance, e foi auxiliada por suas companheiras. Para avançar no torneio, precisará “secar” Alemanha, Austrália e Canadá, que jogam ainda nesta quarta.
Se Austrália perder para os Estados Unidos, ou Alemanha para a Zâmbia, o Brasil estará classificado à próxima fase. O mesmo vale para um tropeço do Canadá diante da Colômbia. A seleção brasileira termina fase de grupos em terceiro lugar no Grupo C. Pelo regulamento, além dos dois primeiros de cada chave, as duas melhores seleções avançam às quartas.
Terceiro jogo seguido que Arthur Elias, treinador da seleção brasileira, muda a formação inicial para a partida. Em relação à última partida diante do Japão, a equipe teve sete mudanças no time titular – incluindo o retorno de Tamires. Contra a Espanha, o treinador optou por se reforçar defensivamente e, no primeiro momento, evitar a derrota – que dificultaria a classificação da seleção às quartas.
Já classificada, Montse Tomé, treinadora da seleção espanhola, poupou uma série de titulares para o jogo, como Aitana Bonmatí, campeã mundial em 2023.
Nos primeiros minutos, o plano do treinador funcionou. Compacto e com as linhas baixas, a seleção espanhola centralizava as ações ofensivas em jogadas aéreas. Pelo ar, a Espanha chegou a ir às redes com Lucía García, mas a arbitragem marcou impedimento de Patri Guijarro.
No ataque pouco antes disso, foi o Brasil quem levou o primeiro perigo, depois de Laia Codina fazer o corte no passe de Ludmila e acertar a trave espanhola. Mas postado no 5-4-1, a seleção pouco criou ao longo do primeiro tempo, mesmo precisando da vitória ou do empate para avançar sem depender de outros resultados.
Ao longo do jogo, no entanto, a seleção espanhola tomou controle da partida. Lorena e Tarciane, em cima da linha, evitaram que o placar fosse aberto; do outro lado, mesmo com Marta como titular e a entrada de Ludmila no ataque, o Brasil não conseguia criar qualquer jogada de efeito, encolhido ao campo de defesa.
A expulsão de Marta, na reta final do segundo tempo, foi o ponto de virada da partida. Depois de um cruzamento da Espanha na grande área, Marta perde o tempo da bola e acerta um chute na cabeça de Olga Carmona. Logo após o lance, a camisa 10 começou a chorar em campo, percebendo a intensidade da falta e que seria expulsa da partida. Essa pode ser sua despedida da seleção, caso o Brasil não avance na Olimpíada.
BRASIL NÃO CONSEGUE SE SEGURAR NO SEGUNDO TEMPO
Se com 11 em campo o Brasil se fechava, com a superioridade numérica espanhola Arthur Elias não mudou seu esquema de jogo. Mesmo com a vitória do Japão diante da Nigéria, a seleção continuava dependendo apenas de um empate para avançar nas Olimpíadas e adiar a despedida de Marta.
Assim como a bola na trave no segundo tempo, o Brasil foi quem criou as primeiras chances na segunda etapa. No contra-ataque, Ludmila e Kerolin forçaram boas defesas da goleira Cata Coll. Mas no geral, o segundo tempo foi menos movimentado, visto que a seleção espanhola não tinha necessidade de se arriscar em campo
Lorena, que salvou o Brasil na primeira etapa, falhou depois de cruzamento de Mariona Caldentey. A bola chegou a desviar em Adriana, mas Athenea empurrou para as redes após rebote da arqueira brasileira.
Abatido em campo, o Brasil pouco conseguiu fazer, estando atrás do placar e com uma jogadora a menos. À frente do marcador, a Espanha continuou dominando o jogo, em ritmo de treino das campeãs mundiais. Ao todo, a seleção de Arthur Elias teve apenas dois chutes a gol.
O Brasil ainda teve 15 minutos de acréscimo, em função dos atendimentos à goleira Lorena e Cata Coll, que também precisou ser substituída. Mesmo com esse tempo extra, foi a Espanha quem esteve mais próxima de ampliar o placar, com defesas da arqueira brasileira. Na reta final, a ausência de Marta em campo prejudicou os contra-ataques e qualquer potencial criativo da seleção brasileira.
No último lance, a Espanha ainda ampliou o placar de Alexias Putellas. De fora da área, a camisa 11, poupada no primeiro tempo, marcou o segundo da partida já nos acréscimos. Com isso, o Brasil fica com -2 de saldo de gol.
Se avançar após os resultados desta quarta-feira, o Brasil encarará o primeiro colocado do Grupo A, que poderá ser Colômbia, França ou Canadá.
Estadão Conteúdo