A falta de infraestrutura e mobilidade urbana na zona Norte de Natal, região mais populosa da capital, tem gerado insatisfação entre moradores e comerciantes, além de afastar potenciais investidores. Como já mostrou a TRIBUNA DO NORTE em diversas reportagens, vias como a Dr. João Medeiros Filho, Moema Tinoco e o entorno da Ponte de Igapó são alvos frequentes de reclamações devido às más condições e falta de manutenção, o que impacta diretamente a rotina dos moradores e o desenvolvimento econômico da região.
O presidente do Sindicato de Habitação do Rio Grande do Norte (Secovi-RN), Renato Gomes Netto, diz que a deficiência de mobilidade é um empecilho para atrair investimentos mobiliários. “Nenhum empreendedor que pense em fazer um investimento de grande porte em uma região de pouca mobilidade vai querer levar isso a frente. Tem que ser feito um planejamento e a gente passar por uma série de possibilidade, como a necessidade urgente da terceira ponte sobre o Rio Potengi, que é fundamental para o desenvolvimento da zona Norte e para a geração de emprego”, diz.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio-RN) acrescenta uma preocupação com o fluxo de clientes, que é afetado pelos problemas de acesso aos estabelecimentos comerciais da zona Norte. “Isso resulta em uma diminuição do fluxo de clientes e, consequentemente, das vendas. Além disso, a situação atual pode desencorajar novos investimentos na região e traz uma série de prejuízos à população, que diariamente perde tempo em engarrafamentos”, comenta Marcelo Queiroz, presidente da instituição.
Para colocar a zona Norte como um dos centros atrativos para investimentos, a Fecomércio-RN sugere uma intervenção conjunta do poder público. “Investimentos em obras de recuperação das vias, melhorias no transporte público e incentivos para empresas que desejam se instalar na região podem contribuir para impulsionar o comércio local. Temos trabalhado ativamente para impulsionar o comércio nessa região tão importante da cidade, com iniciativas próprias e também em parceria com associações locais”, diz.
A recuperação lenta da Ponte de Igapó, que teve obra iniciada em setembro e se estenderá até janeiro de 2025, e as situações precárias das avenidas João Medeiros Filho e Moema Tinoco são vistas como um fator que aumenta o risco para investimentos, diz o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Natal), José Lucena. “Dificulta o ir e vir das pessoas e fazem com que muitos clientes optem por fazer suas compras em outras áreas da cidade, onde a infraestrutura é mais adequada. Isso afasta não só os consumidores, mas também desmotiva os comerciantes, que enfrentam desafios diários para manter suas lojas operando em condições adversas”, comenta.
População é principal prejudicada
As dificuldades são sentidas diariamente por quem vive na região. Aleffe Davi, 20 anos, é barbeiro no Conjunto Brasil Novo e também trafega frequentemente pela região para atuar como promotor de vendas. Ainda com marcas de um recente acidente de trânsito, ele protesta contra as condições das vias da cidade. “Esses arranhões são um exemplo desse descaso que a gente vive aqui na zona Norte. É uma situação muito difícil porque sofri um acidente na segunda-feira por causa dos buracos e da falta de fiscalização”, relata.
Ele acrescenta que melhorar a mobilidade urbana da zona Norte pode ser um dos caminhos para desenvolver a região como um todo. “É difícil para o morador, para o trabalhador, para o empresário que quer investir aqui porque se você for na Ponte de Igapó no horário de pico, você fica mais de hora lá parado. As condições das estradas nem se falam. Imagine como é para um trabalhador passar quase duas horas para chegar no trabalho, a pessoa já chega estressada. Os gestores precisam olhar para a zona Norte porque metade da cidade está aqui”, comenta.
Os comerciantes locais também sentem os efeitos da falta de estrutura. Iris Daiana, gerente de uma madeireira localizada no bairro de Pajuçara, acredita que as operações comerciais e logísticas do negócio poderiam ser melhores se houvesse melhor estrutura nas estradas. “Com certeza teríamos um fluxo de clientes maior. Se tivéssemos um acesso melhor poderíamos ter mais clientes, oferecer um serviço melhor. Moro aqui há 12 anos e sei bem que a situação das estradas aqui só pioraram nesse período”, aponta.
Obra na Ponte de Igapó deve ser concluída em 2025
A obra de requalificação da Ponte de Igapó, localizada na zona Norte de Natal, tem gerado transtornos significativos para a população que depende da estrutura diariamente para acessar outras regiões da capital. Iniciada em setembro do ano passado, a obra ainda se arrasta, sem uma previsão clara de término. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a intervenção tem previsão de conclusão para janeiro de 2025. A situação tem dificultado o cotidiano de milhares de motoristas e usuários do transporte público que enfrentam demorados congestionamentos.
Ainda segundo informações do DNIT, as obras atingiram 48,78% de conclusão após medição em junho. O prazo contratual para finalização é janeiro de 2025. O órgão ressaltou que as obras seguem dentro do cronograma e estão sendo realizadas em várias frentes, com recuperação de vigas, construção de suporte, recomposição do asfalto, entre outras. Em abril, a TN mostrou que, em oito meses, a obra avançou 24% de execução. Ainda segundo o órgão, a obra custa R$ 20 milhões.
“O DNIT informa que estão sendo executadas várias frentes de serviço como: recuperação e reforço das estacas de fundação, blocos de coroamento e pilares, recuperação de vigas e do tabuleiro, construção de suportes para suspensão do tabuleiro, troca de aparelhos de apoio, recuperação de dispositivos de segurança (barreiras New Jersey), passeio e guarda -corpo, análise das condições estruturais do tabuleiro da ponte e recomposição do revestimento asfáltico”, comunicou nota do órgão.
Deu na Tribuna do Norte