
A agência de espionagem da Coreia do Sul disse nesta terça-feira, 16, que um diplomata sênior da Coreia do Norte baseado em Cuba fugiu para a Coreia do Sul, a mais recente deserção por membros da elite governante do Norte, o que provavelmente prejudica o esforço do líder Kim Jong Un de fortalecer sua liderança.
O Serviço Nacional de Inteligência (NIS) disse que os relatos da mídia sobre a deserção de um conselheiro de assuntos políticos da Coreia do Norte em Cuba eram verdadeiros. Uma breve declaração do escritório de relações públicas do NIS não deu mais detalhes. O jornal de grande circulação sul-coreano Chosun Ilbo relatou na terça-feira que o diplomata Ri Il Kyu fugiu para a Coreia do Sul com sua esposa e filhos em novembro.
O jornal citou Ri dizendo que ele decidiu desertar devido ao que chamou de desilusão com o sistema político da Coreia do Norte, uma avaliação de trabalho injusta pelo Ministério das Relações Exteriores de Pyongyang e a desaprovação pelo ministério de suas esperanças de visitar o México para tratar de seus danos neurológicos.
Ele disse que os hospitais em Cuba não tinham o equipamento médico necessário para tratar seu problema de saúde devido às sanções internacionais. Outros veículos de mídia sul-coreanos publicaram relatos similares na terça-feira.
A Coreia do Norte não respondeu imediatamente ao anúncio da deserção de Ri pela Coreia do Sul. O país já expressou fúria por algumas deserções de alto perfil, acusando a Coreia do Sul de sequestrar ou atrair seus cidadãos para desertarem. Também descreveu alguns desertores como traidores ou criminosos que fugiram para evitar punição.
Ri desertou antes de a Coreia do Sul e Cuba estabelecerem relações diplomáticas em fevereiro, um evento que, segundo especialistas, provavelmente representou um golpe político para a Coreia do Norte, cuja posição diplomática depende em grande parte de um pequeno número de aliados da era da Guerra Fria, como Cuba.
A reportagem do Chosun disse que Ri estava envolvido em esforços para impedir que Cuba abrisse relações diplomáticas com a Coreia do Sul até sua deserção. O jornal disse que Ri recebeu um elogio de Kim Jong Un por seu papel nas negociações com o Panamá que levaram à libertação de um navio detido em 2013 por supostamente transportar itens proibidos, como mísseis e peças de aviões de combate.
Destaques
A deserção de maior destaque nos últimos anos aconteceu em 2016, quando Tae Yongho, então ministro da embaixada norte-coreana em Londres, chegou à Coreia do Sul. Ele disse que decidiu fugir porque não queria que seus filhos vivessem vidas “miseráveis” na Coreia do Norte e também caiu em “desespero” pela execução de oficiais por Kim e sua busca por armas nucleares.
A Coreia do Norte o chamou de “escória humana” e o acusou de desviar dinheiro do governo e cometer outros crimes. Tae foi eleito para o parlamento da Coreia do Sul em 2020.
Em 2019, o embaixador interino da Coreia do Norte na Itália, Jo Song Gil, chegou à Coreia do Sul. Também em 2019, o embaixador interino da Coreia do Norte no Kuwait foi para a Coreia do Sul com sua família.
Nos últimos meses, as tensões na Península Coreana aumentaram com os lançamentos de balões carregados de lixo pela Coreia do Norte em direção à Coreia do Sul e a continuação dos testes de mísseis.
A Coreia do Norte diz que suas campanhas de balões foram uma ação recíproca contra ativistas sul-coreanos que enviam panfletos políticos por meio de seus próprios balões. Na terça-feira, a irmã de Kim e alta funcionária, Kim Yo Jong, advertiu a Coreia do Sul sobre consequências “horríveis” não especificadas, dizendo que panfletos enviados pela Coreia do Sul foram encontrados novamente no Norte. Ela emitiu um aviso semelhante no domingo.
A Coreia do Sul respondeu às atividades anteriores de balões da Coreia do Norte suspendendo um acordo de redução de tensões de 2018 com a Coreia do Norte.
Deu no Estadão