Reprodução redes sociais
Um foguete comercial chinês foi lançado acidentalmente durante um teste em solo no domingo, 30. Ele caiu em uma montanha próxima e explodir em chamas, disse a empresa privada que possui o foguete.
Devido a uma “falha estrutural”, o foguete Tianlong-3 se separou de sua plataforma de testes enquanto seu sistema de propulsão estava sendo testado e decolou de sua plataforma de lançamento, disse o proprietário do foguete, Space Pioneer, em um comunicado.
O acidente ocorreu às 15h43, horário local de domingo, em uma instalação de testes na cidade de Gongyi, na província de Henan, no centro da China, segundo o comunicado. Após o lançamento, o computador de bordo desligou automaticamente, e o foguete caiu em uma área montanhosa a cerca de 1,5 quilômetro do local do teste, segundo o comunicado. Ninguém ficou ferido e o local do acidente estava longe de áreas residenciais, disse a empresa, que trabalhou com as autoridades locais antes do teste para retirar pessoas de áreas próximas.
Um foguete comercial chinês foi lançado acidentalmente durante um teste em solo no domingo, 30. Ele caiu em uma montanha próxima e explodir em chamas, disse a empresa privada que possui o foguete. pic.twitter.com/SUIsi6F3a6
— 98 FM Natal (@98FMNatal) July 1, 2024
Vídeos postados pela mídia chinesa e nas redes sociais mostram o foguete subindo antes de perder potência e mergulhar, explodindo em uma colina próxima. O governo municipal de Gongyi disse em uma declaração nas redes sociais que a queda do foguete iniciou um incêndio, que foi apagado na noite de domingo.
Teste rotineiro
O acidente parece ter ocorrido durante um teste de fogo estático, quando os motores são acionados como se fosse para decolagem, mas o foguete permanece preso ao solo, disse Brad Tucker, astrofísico da Universidade Nacional Australiana, que revisou os vídeos do acidente.
Foi um teste muito rotineiro, disse ele, acrescentando que, embora seja frequentemente feito com o foguete na horizontal, algumas empresas, incluindo a SpaceX, fizeram o teste na vertical. “É tão comum que é uma surpresa que esse tipo de falha tenha ocorrido”, disse Tucker, acrescentando que o único outro acidente comparável de que ele tinha conhecimento ocorreu em 1952, quando um foguete Viking 8 dos EUA se soltou durante um teste de fogo estático e caiu no deserto a oito quilômetros de distância.
“Várias coisas provavelmente teriam que dar errado para que essa falha acontecesse da maneira como aconteceu”, disse Tucker, acrescentando que, embora o programa espacial nacional da China fosse avançado, sua indústria espacial comercial é bastante jovem.
Essa indústria tem se expandido rapidamente nos últimos anos, junto com as crescentes ambições espaciais do governo. Este ano, pela primeira vez, o voo espacial comercial foi listado como uma indústria emergente a ser ativamente fomentada no relatório anual de trabalho do governo chinês, o principal documento de políticas que delineia as prioridades do governo para o ano.
A Space Pioneer, também conhecida como Beijing Tianbing Technology, é um dos principais players dessa indústria. O foguete Tianlong-3, o foguete transportador mais poderoso atualmente em desenvolvimento na China, é personalizado para ajudar a construir o sistema de internet por satélite do país, de acordo com a Space Pioneer.
No mês passado, a China se tornou o primeiro país a recuperar amostras de rochas do lado distante da lua. A China pretende colocar uma pessoa na lua antes de 2030, o que a tornaria a segunda nação a fazer isso depois dos Estados Unidos. E a China lançou com sucesso uma missão para Marte e tem planos para uma futura visita a um asteroide.
No ano passado, o Tianlong-2 da Space Pioneer — predecessor do Tianlong-3 — foi o primeiro foguete transportador comercial de combustível líquido do país a entrar em órbita com sucesso, segundo a mídia estatal. De acordo com a Space Pioneer, o Tianlong-3 é comparável ao Falcon 9 da SpaceX, o primeiro foguete reutilizável de classe orbital. Projetado para transportar tripulação e carga para a órbita terrestre, o Falcon 9 se tornou o primeiro foguete comercial a lançar astronautas em órbita em 2020.
Fonte: Estadão