A ditadura da Nicarágua expulsou do país a tradutora americana Judy Butler, de 83 anos, que foi apontada pela imprensa local como “tradutora do irmão de Ortega” – em referência ao general reformado Humberto Ortega, ex-comandante do Exército nicaraguense, que está em prisão domiciliar desde o último fim de semana. Ele é crítico do irmão, o ditador Daniel Ortega, com quem rompeu nos anos 1990.
Em entrevista ao jornal Confidencial, Butler disse que na terça-feira (21) sete policiais chegaram à sua casa e lhe “deram alguns minutos para fazer uma mala pequena, porque iam levá-la ao aeroporto para deportá-la”.
A tradutora, que morava na Nicarágua há 41 anos, chegou a perguntar o motivo da deportação, mas não obteve resposta. “Eles não me interrogaram, não me acusaram e não apresentaram mandado. Até agora, não sei por que fui deportada”, disse Butler.
Ao Confidencial, ela negou que fosse “tradutora de Humberto Ortega”, a quem teria prestado serviços apenas duas vezes.
Ela relatou que, “há sete ou oito anos”, traduziu um livro de Humberto Ortega “a pedido” do ex-deputado Luis Humberto Guzmán, que pretendia publicá-lo pela sua editora, mas “o livro traduzido para o inglês nunca foi publicado”.
O segundo serviço foi prestado este mês, quando Guzmán procurou Butler novamente para que traduzisse para o inglês um artigo de opinião de Humberto Ortega.
Butler relatou que o artigo “supostamente seria distribuído a redes de amigos e contatos” de Humberto Ortega. Porém, ele foi publicado no jornal La Prensa, crítico a Daniel Ortega.
A tradutora chegou a Los Angeles com uma mala com “apenas duas mudas de roupa, medicamentos e vitaminas”. Teve que dormir no terminal e depois de várias horas viajou para São Francisco, onde foi recebida por um sobrinho.
Deu na Gazeta do Povo