Cabrini sofre tentativa de intimidação durante cobertura em Marajó

 

O jornalista Roberto Cabrini, da Record TV, que está na região da Ilha do Marajó para produzir uma reportagem especial sobre as denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes naquela área do país, teria sofrido uma tentativa de intimidação ao registrar uma ação da Polícia Militar.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, um homem aparece tentando convencer o jornalista a não divulgar imagens da operação. Logo no início da gravação, Cabrini diz que vai veicular o conteúdo pois nada o impede.

– Divulgar eu vou, porque eu sou jornalista e nada me impede, o espaço é público – diz.

O homem então responde: “Eu já me manifestei que as imagens deles não vão ser veiculadas”. A identidade e a função da pessoa que interpelou o jornalista ainda não foram divulgadas oficialmente, mas testemunhas relataram que o homem seria advogado de um dos suspeitos detidos na operação policial.

Ao final da gravação, Cabrini rebate o homem e diz: “Eu conheço a lei tanto quanto você. Não estou aqui para te prejudicar e nem você a mim, tá? Estou fazendo o meu trabalho e você o seu, você é profissional e eu também sou”.

REPORTAGEM NO MARAJÓ
Roberto Cabrini apresentará uma reportagem especial sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes na Ilha de Marajó, no Pará, no Domingo Espetacular que vai ao ar neste domingo (25). O jornalista viajou para o arquipélago para investigar as denúncias que ganharam destaque nesta semana nas redes sociais após a cantora gospel Aymeê participar de um reality show com uma música que expôs o problema.

O tema ganhou a atenção de artistas e influenciadores digitais famosos, que passaram a cobrar medidas das autoridades, com grande repercussão. Ao fim da apresentação, uma declaração da cantora ampliou a indignação da opinião pública:

– Marajó é uma ilha a alguns minutos de Belém, minha terra. E lá tem muito tráfico de órgãos. Lá é normal isso. Tem pedofilia em nível hard (…) As famílias lá são muito carentes. As criancinhas, de 6 e 7 anos, saem numa canoa e se prostituem no barco por R$ 5 – disse.

Cabrini desembarca na Ilha de Marajó para buscar a verdade sobre o que, realmente, acontece na região e entrevistar as vítimas e seus familiares, além de desvendar como atuam os criminosos que utilizam meninos e meninas para a prostituição. Alguns estudos revelam que o Pará registra uma média de cinco casos de abuso e exploração sexual infanto-juvenil por dia.

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado possui uma taxa de 3.648 casos, acima da média nacional de 2.449 em crimes dessa natureza. Autoridades e organizações não-governamentais que atuam na área, no entanto, afirmam que a população marajoara não normaliza a violência contra crianças e que também tem havido “disseminação de informações que não teriam sido comprovadas”, como as denúncias de tráfico de órgãos.

No entanto, o próprio Ministério Público do Pará admite que há problemas, em nota divulgada nesta semana.

– Apesar de ser fenômeno que atinge todos os municípios paraenses, a violência sexual acaba por ter uma maior projeção no Arquipélago do Marajó, uma vez que encontra um terreno fértil de outras violações de direitos, sobretudo considerando que a região abriga alguns dos piores IDHs do Brasil – afirma o documento.

Deu no Pleno News

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