O presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, se reunirão na quarta-feira (15) antes de uma cúpula do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em São Francisco. O objetivo é reduzir o atrito na rivalidade, que é considerada por muitos, a mais perigosa do mundo.
Os líderes das duas maiores economias mundiais se conhecem há mais de uma década e compartilharam horas de conversa por seis vezes desde a posse de Biden em janeiro de 2021.
Mas desde então eles só se encontraram pessoalmente uma vez. Xi não visita os Estados Unidos desde 2017, quando Donald Trump ainda era presidente.
O que deve ser discutido
A Casa Branca afirma que a cúpula, que acontecerá em um local não divulgado na área da baía de São Francisco, é impulsionar a comunicação para evitar que uma rivalidade intensa se transforme em conflito.
Espera-se que a reunião cubra questões globais, desde o conflito no Médio Oriente até à invasão da Ucrânia pela Rússia, os laços da Coreia do Norte com a Rússia, Taiwan, direitos humanos, inteligência artificial, bem como relações comerciais e econômicas “justas”.
Também é esperado que Biden diga a Xi que os EUA continuam empenhados em apoiar os seus aliados e parceiros no Indo-Pacífico, diante da pressão chinesa contra Taiwan, que é governada democraticamente, e que a China reivindica como parte de seu território, e nos mares do Sul e do Leste da China.
Ele deve, ainda, expressar um compromisso específico com a segurança das Filipinas, segundo autoridades americanas.
Acordos que devem ser feitos
A Casa Branca diz que Washington busca resultados específicos: espera ver progressos no restabelecimento dos laços militares com a China e no combate ao comércio de fentanil, o potente medicamento opiáceo sintético cujo uso se tornou um problema nos Estados Unidos. Qualquer acordo sobre o fentanil provavelmente significaria, em troca, que Washington teria que suspender as sanções de direitos humanos ao instituto forense da polícia da China.
Biden disse na terça-feira (14) que seu objetivo seria retomar as comunicações normais com a China, incluindo contato entre militares.
Com as eleições em Taiwan no início de 2024, analistas políticos esperam que a China procure garantias dos EUA de que não incentivarão os elementos pró-independência. Ao mesmo tempo, Xi também deve tentar covencer Biden a aliviar as tarifas e os controles de exportação que impedem que os semicondutores mais avançados sejam enviados para a China.
Paralelamente, em um jantar com líderes empresariais, o presidente chinês também deve tentar aumentar o fraco investimento das empresas norte-americanas na China.
Os líderes podem destacar planos para aumentar os voos comerciais entre os dois países. Especialistas em política acreditam, ainda, que pode haver um movimento para aliviar as restrições aos vistos de jornalistas, o que seria benéfico para ambos os lados.
Biden deve também pedir à China que use sua influência junto ao Irã para não ampliar o conflito no Oriente Médio.
Mas ninguém espera uma redefinição da relação ou qualquer grande acordo que altere dramaticamente a forma como os países se vêem.
“Seguimos em um período duradouro de competição e tensão”, disse Richard Fontaine, do Centro para uma Nova Segurança Americana, de Washington. “Não haverá grandes avanços, não haverá nenhuma mudança real de substância”.
Como a reunião vai impactar os mercados
Os participantes do mercado devem manter o foco nas negociações para avaliar o sentimento entre os dois governos.
Os 21 membros da APEC – e o mundo inteiro – não têm esperança de um alívio das tensões entre EUA e China.
O progresso nesse sentido seria visto de forma positiva, mas analistas políticos afirmam que qualquer melhora na relação poderia ser apenas temporária.
As eleições em Taiwan no início do próximo ano e a votação presidencial dos EUA em Novembro de 2024, que poderá trazer Trump de volta à Casa Branca, prometem um ano repleto de incertezas.
Informações da CNN