O ministro André Mendonça esquentou o clima no julgamento do primeiro réu do 8 de janeiro no Supremo Tribunal Federal (STF) ao questionar a facilidade com que os manifestantes entraram no Palácio do Planalto no dia dos atos de vandalismo. “Com todo respeito, Vossa Excelência querer falar que a culpa do 8 de janeiro foi do ministro da Justiça é um absurdo, quando cinco comandantes estão presos”, rebateu o ministro relator do caso, Alexandre de Moraes.
“Vossa Excelência que está dizendo isso. Muito embora eu queria e o Brasil quer ver esses vídeos do Ministério da Justiça”, comentou Mendonça, fazendo referência às gravações do sistema de segurança do ministério comandando por Flávio Dino no dia 8 de janeiro, que foram apagadas. A menção enervou ainda mais Moraes.
“O ex-ministro da Justiça que sucedeu Vossa Excelência fugiu para os Estados Unidos e jogou o celular dele no lixo e foi preso, e agora Vossa Excelência vem no plenário do Supremo Tribunal Federal, que foi destruído, para dizer que houve uma conspiração do governo contra o próprio governo, tenha dó”, retrucou Moraes, que votou por pena de 17 anos de prisão para Aécio Lúcio Costa Pereira.
“Com todo respeito, Vossa Excelência querer falar que a culpa do 8 de janeiro foi do ministro da Justiça é um absurdo”, diz Alexandre de Moraes em bate-boca com o ministro André Mendonça no julgamento do primeiro réu do 8 de janeiro. pic.twitter.com/mYCy9UDhBJ
— O Antagonista (@o_antagonista) September 14, 2023
“Não coloque palavras na minha boca”, repetiu Mendonça por três vezes, completando: “Tenha dó, Vossa Excelência”. Apesar do entrevero, pelo qual Moraes acabou pedindo desculpas, Mendonça votou concordando parcialmente com o relator, pela condenação do réu por quatro dos cinco crimes denunciados pelo Ministério Público — poupou o réu apenas da acusação de golpe de Estado.
Antes de Mendonça, Cristiano Zanin tinha votado por uma condenação a 15 anos de prisão. Com o voto de Mendonça, quatro ministros referendaram a condenação de Aécio Lúcio, preso dentro do plenário do Senado Federal durante os ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, mas com penas diferentes.
Deu no Antagonista