IMD quer R$ 40 milhões para duplicar sede e expandir geração de empregos

 

O Instituto Metrópole Digital (IMD), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), tenta, há quatro anos, expandir as instalações físicas da entidade para ampliar oportunidades e fomentar o desenvolvimento tecnológico no Estado. Segundo a direção do instituto, seriam necessários cerca de R$ 40 milhões para construir um novo prédio do IMD, o que representaria crescimento da capacidade de formação de profissionais, aumento das empresas credenciadas no Metrópole Parque e duplicação de empregos gerados. Atualmente, o IMD abriga três mil alunos e o Parque gera 2,5 mil empregos, por meio das 100 empresas credenciadas. A ampliação do instituto é um pleito endossado por entidades como Sebrae e Fiern.

Ivonildo Rego, diretor do IMD, afirma que a necessidade pela ampliação é evidente diante da demanda crescente por novos negócios. Rego  encabeça a articulação por recursos junto à bancada federal do Estado. “Essa é a demanda mais importante que temos hoje, que inclusive está sendo objeto de tratativas com o Sebrae e a Fiern. Esses 2,5 mil empregos poderiam ser 5 mil. Nós estamos pedindo uma nova injeção de recursos públicos para fazer a expansão do Instituto. Precisamos porque nós estamos espremidos aqui. Temos um projeto pronto para dobrar esse prédio”, comenta.
O projeto já conta, inclusive, com o terreno para a expansão. Exemplo dessa demanda crescente é a sinalização da Lenovo, multinacional chinesa de tecnologia, que quer implementar um Centro de Pesquisa dentro do Parque Tecnológico do IMD. No entanto, a vinda da empresa depende da ampliação da área física da entidade. “Se essa expansão já tivesse acontecido nós já teríamos condições melhores de atrair grandes empresas para dentro do parque. Elas querem vir porque essa interação com a universidade é essencial. Se a gente já tivesse a área física, a Lenovo já estaria a todo vapor aqui”, destaca.
O projeto anunciado pela Lenovo, que pretende instalar um centro de pesquisa voltado ao estudo do 5G, tem um investimento previsto de R$ 60 milhões. O diretor da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Djalma Cunha Júnior, diz que o movimento de empresas de grande porte para dentro de parques tecnológicos vem se tornando cada vez mais comum. Djalma, que preside a Comissão Temática de Inovação, Ciência e Tecnologia (Coincitec), explica ainda que as empresas ganham em conexão com a intensa atividade tecnológica dos parques.
“Aqui a gente ainda não tem nenhuma empresa de grande porte que incubou dentro do parque tecnológico. No entanto, no Sul do País, a Embraer está dentro de um parque, empresas do porte de uma Brastemp, Natura, O Boticário, também estão incubadas com centros de pesquisa nos parques. Elas montam uma estrutura administrativa, utilizam da infraestrutura e conseguem acelerar os processos de pesquisa. Isso ocorre porque o ambiente permite, é suscetível ao sucesso”, destaca Djalma Barbosa.
Somente em 2021, quando o parque abrigava 77 empresas, os negócios vinculados ao parque tiveram um faturamento conjunto de cerca de R$ 200 milhões. Outro impacto significativo diz respeito à influência na economia local. Isso porque o polo ajudou a aumentar em 10 vezes a arrecadação do Município sobre o imposto cobrado das empresas de TI. Em cinco anos, a receita da Prefeitura subiu de R$ 150 mil para R$ 1,5 milhão.
Tratativas para ampliação começaram em 2019
O diretor do IMD lembra que à época das primeiras tentativas de ampliar as instalações, em 2019, a “promessa” era chegar às 100 empresas credenciadas no Parque Tecnológico até 2024 – marca que foi atingida neste ano e sem os recursos desejados. “Agora imagine se nós tivéssemos os recursos? Com certeza os números seriam melhores. Hoje não temos para onde crescer”, destaca Ivonildo. Ele argumenta que o objetivo é conseguir os R$ 40 milhões para duplicar o prédio, mas, caso não consiga a totalidade do investimento, poderia começar a expansão em blocos. “Se a bancada arranjar R$ 20, 10, 12 milhões, eu vou construindo em partes, sendo primeiro o centro da Lenovo”, detalha.
O presidente da Coincitec, Djalma Barbosa Júnior, acredita que a ampliação se traduziria em mais oportunidades de oferecer soluções em escala maior, além de “exportar” tecnologias para outros estados. “Quando você pensa a área de inovação ou solução tecnológica, o céu é o limite. No mundo digital você pode ofertar para um pequeno empresário do Seridó, mas também para uma grande indústria no Rio Grande do Sul. A gente precisa sensibilizar a bancada federal para que veja com bons olhos essa ampliação do IMD”, destaca.
O superintendente do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto (Zeca Melo), diz que tem participado de encontros com deputados da bancada potiguar em Brasília. “A ampliação é absolutamente necessária. Se a gente já tivesse feito, a estrutura já estaria toda ocupada. Essa é uma iniciativa que orgulha o Rio Grande do Norte porque tem uma pegada de inclusão, inovação e crescimento econômico. Tudo isso está conectado com o momento que o mundo vive hoje”, diz Zeca Melo.
Ambas as instituições têm representação no Conselho de Administração do IMD. Zeca Melo reforça que as entidades estão buscando reunir toda a bancada para discutir o tema. O primeiro encontro já aconteceu com o deputado Benes Leocádio (UB). “Vamos ter uma reunião com toda bancada, no sentido de obter apoio para conseguir as ampliações necessárias. Acho que esse é o projeto mais exitoso que tivemos nos últimos anos no Estado. Temos muito orgulho dessa parceria”, destaca o  superintendente do Sebrae-RN.
Ivonildo Rego encabeça a articulação por recursos junto à bancada federal do RN e explica que a ampliação é evidente diante da demanda Foto: Alex Régis
Parque influencia na formação de alunos do IMD
Visando conectar o ambiente acadêmico com o mercado de trabalho, o diretor do Metrópole Parque, Rodrigo Romão, detalha que o polo já tem exercido influência na formação dos estudantes do IMD. A ideia é promover a integração entre todos os atores do Instituto. “Estamos com uma chamada pública para que empresas submetam problemas para que sejam trabalhados em sala de aula. Às vezes o aluno precisa desenvolver determinada solução para entregar algum produto dentro da disciplina e por que não utilizar a empresa como um laboratório”, explica.
O diretor da Fiern, Djalma Barbosa, diz que tem atuado para aproximar os estudantes da atividade empresarial. “Para que qualquer ecossistema de inovação seja forte, eu preciso ter a universidade, que é o universo pensante; o governo oferecendo incentivos, infraestrutura e políticas públicas; e tenho que ter a indústria no processo de melhoria do negócio. A distância da academia para a atividade empresarial ainda é muito grande. A gente pode ter uma pesquisa de grande porte dentro da universidade sobre a indústria de laticínios e o empresário não conhecer”, pontua.
Parque e IMD
Um parque tecnológico é uma área especialmente planejada e desenvolvida para abrigar empresas e instituições que atuam no setor de tecnologia, pesquisa e inovação. O polo potiguar se chama Metrópole Parque e foi criado em 2017. Em 2019, o Metrópole Parque tinha 31 empresas e pouco mais de 500 empregos gerados. Hoje, são 100 empresas e2,5 mil empregos gerados. Já o IMD é a unidade acadêmica da UFRN, fundada em 2011, que oferece a formação dos níveis técnico, superior e pós-graduação em TI. Atualmente, cerca de três mil alunos estudam no instituto.
Deu na Tribuna do Norte

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