Com o novo Plano Diretor de Natal (PDN), sancionado pelo prefeito Álvaro Dias no dia 6 de março de 2022, a capital potiguar passou a aumentar sua lista de empreendimentos imobiliários e já contabiliza 17 grandes empreendimentos licenciados desde então.
Eles estão distribuídos pelos bairros da zona Sul (Capim Macio, Neópolis, Ponta Negra) e da zona Leste (Tirol, Petrópolis, Areia Preta), com investimentos que já somam R$ 1,5 bilhão. Mas isso não é tudo, segundo informou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), a expectativa é de que esse montante chegue a R$ 3 bilhões nos próximos três anos, considerando os projetos cujos processos de licenciamento estão em andamento na pasta.
São 31 projetos de grandes empreendimentos em tramitação, desde hotéis, flats, prédios residenciais, condomínio de casas e lojas comerciais. Pelo que foi apresentado à Semurb, as construções estão distribuídas pelas quatro zonas administrativas da cidade nos bairros Pitimbu, Neópolis, Candelária, Capim Macio, Ponta Negra (zona Sul), Pajuçara (zona Norte), Planalto (zona Oeste), Tirol e Areia Preta (zona Leste). Somando os já licenciados com os que estão em tramitação, são 48 projetos concebidos após a nova lei.
As informações se referem até este mês de julho, de modo que os números devem aumentar, como acredita o titular da Semurb, Thiago Mesquita. “Já temos outros investimentos através de consultas prévias. Recentemente recebemos uma construtora que apresentou um VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 1,2 bilhão em investimentos para os próximos três anos”, disse.
Entre os projetos já lançados, o “Jardins do Potengi”, da Dois A Incorporações, terá 43 andares no bairro de Petrópolis e uso misto, característica prevista no novo Plano Diretor. As obras do Jardins de Potengi devem ser iniciadas este ano.
O CEO da Dois A, Sérgio Azevedo, disse que o Plano Diretor de Natal (PDN) é visto pela empresa como um divisor de águas. “Além de Petrópolis, nosso foco é incorporar no Tirol também. A gente entende que esses são os bairros que têm toda uma infraestrutura e que trazem tudo o que a gente entende ser necessário para que, quem vive aqui, desfrute de facilities”, pontuou.
O PDN trouxe boas perspectivas para as empresas do setor imobiliário não apenas locais. “São construtoras locais e também as que estão vindo de outros estados, fazendo o caminho inverso que acontecia, quando as construtoras estavam saindo de Natal e seguindo para João Pessoa, Fortaleza…”, diz o secretário Thiago Mesquita.
Um dos exemplos é a Moura Dubeux que lançou em Natal a Mood, uma empresa que terá como foco empreendimentos para a classe média em todo o Nordeste. “O primeiro lançamento será o Mood Parque das Dunas, no bairo de Capim Macio, com previsão para o próximo dia 26 de julho. Já o segundo, será no bairro de Candelária, previsto para o último trimestre do ano”, explica o gerente da Moura Dubeux no RN, Wescley Magalhães.
Incremento na economia
O resultado da atração de investimentos imobiliários vai além da chegada de novos arranha-céus e condomínios mudando a paisagem da cidade. Thiago Mesquita, titular da Semurb explica que o reflexo também se dá na economia, com a geração de empregos, renda e arrecadação para o município.
“Gera tributos para o município, com o ISS, ITVI, que é a transferência de imóveis, o IPTU, a outorga onerosa. São taxas e tributos que vão incrementar a arrecadação do município e, naturalmente, esses recursos serão aplicados em melhorias para cidade, além de emprego e renda”, destaca.
A construtora MRV gera, aproximadamente R$ 2 milhões por meio de contrapartidas e taxas de licenciamento em cada empreendimento. “Além disso, a construção de nossos condomínios beneficia indiretamente a população da região, com a geração empregos, mais IPTU e melhorias de infraestrutura urbana”, informou Patricia Pessoa, gestora executiva de desenvolvimento da empresa.
A construção civil é um dos setores que mais empregam quando está aquecido, desde engenheiros, arquitetos, até os pedreiros, serventes e mestres de obras. Desenvolve toda uma cadeia que passa ainda por corretores, fomentando também a industria de insumos. “E onde tem uma moradia atrai comércio e serviços”, completa Mesquita.
Para o empresário Francisco Vasconcelos, da Constel, que também está na diretoria do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/RN), o investimento em novos projetos de construção alavanca seu entorno. “O investimento na construção civil impacta não só na geração de empregos que são criados imediatamente, mas continua gerando após a conclusão, desenvolvendo comércio e serviços”, diz ele.
Projetos alcançam todas as áreas de Natal
Apesar da concentração maior de investimentos imobiliários no momento ser nas zonas Sul e Leste, há projetos previstos para todas as regiões da capital, visto as mudanças no regramento para construir, que derão maior segurança jurídica, além da melhoria na infraestrutura dos bairros periféricos.
“São várias áreas com alvará de demolição, remembramento de lotes, numa preparação para grandes investimentos que nós vamos ter. Nós temos na zona Oeste vários investimentos, principalmente no Planalto, na Avenida Mor Golveia que é um grande corredor. Temos a MRV na zona Norte, por exemplo, com um dos seus grandes empreendimentos lá”, revela Thiago Mesquita, secretário da Semurb.
A MRV Engenharia, construtora sediada na cidade de Belo Horizonte/MG, mas que atua em todo o país, informou que um possui no momento um landbank (banco de terrenos) de cerca de 3 mil unidades habitacionais em Natal e mais 3 mil em Parnamirim, nos mais diversos bairros, desde a zona Norte até o Tirol. “Atualmente, temos cinco obras em andamento e sempre buscamos aumentar a participação da empresa no mercado”, declarou Patricia Pessoa, gestora executiva de desenvolvimento imobiliário da empresa.
Segundo ela, a revisão do plano diretor de Natal impulsionou o desenvolvimento de regiões que tinham índice de aproveitamento restrito e com grande apelo à moradia. “Esse apelo se deve à gama de serviços disponíveis nessas áreas e à percepção da população em relação às regiões, que as veem como seguras e favoráveis. Mais do que apenas projetos, nos possibilitou atuar em áreas que antes eram pouco exploradas”, explica Patrícia.
É a mesma visão do diretor da Constel Empreendimentos, Francisco Vasconcelos. Ele diz que sua construtora vai construir em áreas que antes eram pouco adensáveis. “Um é na região de Lagoa Nova e outro em Candelária. São duas áreas que tinham coeficiente básico e que que receberam adensamento maior com o novo Plano Diretor. Essa mudança incentivou investimentos de novos projetos em nessas áreas”, explica o empresário.
A Constel dará entrada no próximo mês em dois processos de licenciamento. Um para o projeto de Lagoa Nova com 180 apartamentos e um VGV aproximado de R$ 160 milhões e o de Candelária, com 90 apartamentos e um VGV de R$ 100 milhões.
A MRV é outra empresa que confirma o fato de que regiões da cidade, a exemplo dos bairros de Capim Macio, Candelária, onde há demanda por imóveis, especialmente pela classe média, passaram a ser regiões mais adensáveis com o Plano Diretor. “Portanto, permitindo o desenvolvimento imobiliário para condomínios verticais. Além disso, havia uma expectativa no mercado acerca do novo Plano Diretor que viria a ser aprovado como um novo ambiente para geração de negócios e que tem se confirmado como fato, de lá para cá”, ressalta o gerente da Moura Dubeux no Rio Grande do Norte, Wescley Magalhães.
Números
31 – projetos em tramitação na Semurb*
17 – grandes empreendimentos licenciados pela Semurb
*Empreendimentos nos bairros
ZONA SUL: Pitimbu (3); Neópolis (1); Candelária (1); Capim Macio (5) e Ponta Negra (9)
ZONA LESTE: Tirol (3); Petrópolis (1) e Areia Preta (3)
REGIÃO OESTE : Planalto (2) e Alecrim (1)
ZONA NORTE: Pajuçara (2)
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