Os servidores estaduais da saúde do Rio Grande do Norte iniciaram, na manhã da última quarta-feira (19), movimento grevista, por tempo indeterminado, resultando na redução dos atendimentos nos hospitais públicos espalhados pelo Estado. Em Natal, o Walfredo Gurgel, Santa Catarina, João Machado, Maria Alice Fernandes, Hemonorte e o CRI (Centro de Reabilitação Infantil) aderiram à paralisação. A greve abrange todas as categorias, menos os médicos, incluindo enfermagem, técnicos de raio-x, serviço social e fonoaudiólogos.
coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde-RN), Rosália Fernandes, explicou que, apesar da greve, os serviços de urgência e emergência não serão fechados, no entanto, haverá redução nos atendimentos.
“Somos os serviços de urgência e emergência, a gente não pode fechar os serviços, o que a gente faz é uma redução dos atendimentos. Por exemplo, no Centro de Tratamento de Queimados, o ambulatório, que normalmente funciona em três dias da semana, será reduzido para apenas um dia, atendendo apenas os casos mais críticos. A quantidade de trabalhadores será reduzida, consequentemente, afetando as UTIs e o pronto-socorro. Além disso, não serão realizados todos os procedimentos habituais”, ressaltou.
Entre as reivindicações dos servidores, de acordo com o SindSaúde-RN, estão a reposição das perdas salariais de 21,87% para a saúde, implementação e pagamento do adicional dos técnicos de Radiologia, reenquadramento respeitando o tempo de serviço, convocação do cadastro de reserva e a realização de novo concurso público, além da implementação das mudanças de carga horária de 30 horas para 40 horas.
Segundo a coordenadora, no Hospital Walfredo Gurgel, que já enfrenta superlotação, com pacientes espalhados pelos corredores, haverá redução e lentidão nos procedimentos, especialmente no centro cirúrgico, devido à ausência de alguns técnicos de enfermagem e outros profissionais. Isso resultará em uma quantidade menor de salas disponíveis para realizar cirurgias, devido à falta de pessoal suficiente para atender à demanda como em um dia normal.
“Devido à ausência de alguns técnicos de enfermagem e outros profissionais, haverá uma redução e lentidão nos procedimentos, especialmente no centro cirúrgico. Não será possível utilizar todas as salas disponíveis para cirurgias, uma vez que não haverá pessoal suficiente para atender à demanda”, explicou.
De acordo com Rosália Fernandes, no Hemonorte, haverá uma redução nas coletas de sangue e exames, enquanto no CRI – Centro de Reabilitação Infantil – os funcionários também estão aderindo à greve, resultando na ausência de atendimento ou em um número mínimo de trabalhadores apenas para orientar a população.
Até o momento, não há nenhuma reunião agendada com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesap) para negociar as demandas dos servidores. Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) informou que tem se empenhado nas negociações, atendendo às demandas apresentadas dentro de suas possibilidades.
“Em 2023 já foram realizadas três progressões funcionais, contemplando 10.231 servidores, cumprido o compromisso de conceder o benefício trimestralmente. Também este ano foram publicados quatro lotes de implantação da Gratificação de Incentivo a Qualificação, abarcando 4.580 servidores. A partir da aprovação e implementação do novo plano de cargos, carreiras e remuneração (PCCR) dos servidores da Saúde Pública Estadual, a folha salarial da Sesap – somando ativos e inativos – teve um aumento percentural de 56,07%, com um crescimento real de 25,37%”.
E continua: “Destaca-se ainda que o Governo do Estado, em 2022, aplicou R$ 1,75 bilhão na Saúde Pública, correspondente a 13,49% da receita líquida, superando a meta constitucional de 12%, atestando a priorização da gestão em melhorar a política de saúde pública e valorizar seus servidores”, diz trecho.
Médicos em Natal
O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed RN) anunciou, através de nota, a deflagração de uma greve por parte dos médicos de Natal. A greve está prevista para começar na próxima terça-feira (25).
A decisão foi tomada após assembleia realizada na terça-feira. Os médicos se reuniram e, em votação, com 95% dos votos favoráveis, decidiu-se a favor da greve. Desta forma, fica suspensa a realização de consultas ambulatoriais e a realização de cirurgias eletivas. No atendimento de urgência, apenas 30% do quadro de profissionais estarão em serviço.
De acordo com o Sinmed RN, a categoria defende que a Prefeitura do Natal se propôs apenas a rever (junto a Câmara Municipal) os pareceres da Procuradoria Geral do Município (PGM), que mandou retirar gratificações nas férias, licença prêmio e licença gestante sem qualquer contra proposta ao documento elaborado pelo sindicato e apresentado a prefeitura, o qual sugere a incorporação da gratificação de urgência e emergência (GEAUE) ao salário dos médicos do município, no valor de R$ 2.750. A proposta foi considerada insuficiente.
Deu na Tribuna do Norte