A jornalista Cecília Flesch, demitida da Rede Globo depois de fazer críticas à emissora, enviou para os ex-colegas uma carta de despedida. Ela apresentava o telejornal Em Ponto, na GloboNews. Sua estadia no plim-plim durou 17 anos.
Na mensagem enviada aos ex-parceiros de trabalho, Cecília revelou estar triste com a demissão. “Ser demitido não é legal, claro”, escreveu. “Parece que a gente não entregou tudo que deveria. Mas fiquem tranquilos, porque sei que entreguei — até demais, talvez.”
A demissão de Cecília ocorre na mesma semana em que brincadeiras da jornalista sobre a Globo circularam nas redes sociais. Durante entrevista ao podcast É Noia Minha?, em abril deste ano, a apresentadora brincou com o nome da emissora — chamou a GloboNews de “RivoNews”, em referência ao Rivotril, marca de remédio para distúrbios psiquiátricos.
Na mesma entrevista, a jornalista criticou a programação da emissora. “Está um saco”, admitiu Cecília. “A GloboNews só tem política e economia, economia e política, política e economia.”
Veja a declaração da jornalista após ser demitida:
“Queridos,
18 anos, 4 meses e 8 dias de empresa.
Ser demitido não é legal, claro. Parece que a gente não entregou tudo que deveria.
Mas fiquem tranquilos, porque sei que entreguei – até demais, talvez.
O que fica são os contatos, os amigos, os grandes amigos e os irmãos.
E – claro – todo aprendizado e crescimento.
Saio “maior de idade” desse lugar, onde já andava de chinelo e gritando, achando que estava em casa.
Quando cheguei em São Paulo, há exato um ano, descobri que existe muito mais coisa do que “a casa dos pais”. E também tomei umas bordoadas, que me deram uma casca ainda maior. E fiz mais amigos (ó, que surpresa!)
E cheguei onde queria. Saio deixando o meu jornal. O Em Ponto foi do Burnier, passou pela Julia, mas se tornou o meu jornal, eu sei. Ou não teria sapateado na previsão do tempo, nem Johny dançando black music no dia do trabalhador, nem senador rindo depois de assumir a ausência de tanto que gritou pelo Flamengo.
Foi divertido, mesmo acordando às 2h15, acreditem.
Quando vestia a “fantasia” (amigos da moda entenderão) e entrava no ar, eu só me divertia. Amo fazer isso, vocês sabem.
Conselho: quem conseguir romper a casca, voe. A Globo é uma escola. Mas, se conseguir, se a vida permitir, faça mestrado, doutorado, pós-doutorado em outros espaços.
Mais um: se você acredita mesmo que é capaz de fazer uma coisa, insista. Por mais que te digam que você é fraca e sem carisma, insista. Um dia essa mesma pessoa pode te dar um abraço apertado, dizer que você é uma grande profissional e que sua resiliência vale ouro.
Não dá citar nomes, mesmo. Foram muitos os que me ajudaram pelo caminho. Aplaudiram, fizeram barulho, elogiaram, deram força. Amo todos.
O e-mail estará desativado logo mais, não respondam a ele!
AH! E uma ultima coisa: #OucamOpodcast.
Não acredite em tudo o que vcs leem! Combinados?
A gente odeia fakenews!
Muito obrigada!
Beijos a todos e simbora!!!”
Deu na Oeste