A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte promoveu uma audiência pública, nesta segunda-feira (15), que discutiu a campanha Maio Cinza, de conscientização sobre o câncer cerebral. Proposta pela deputada estadual Cristiane Dantas (SDD), o debate reuniu especialistas no assunto que debateram, entre outros pontos, a conscientização sobre a prevenção e o tratamento precoce do câncer cerebral.
“Um momento muito rico quando buscamos entender onde estão as lacunas do atendimento e o que podemos fazer enquanto legisladora e vice-presidente da Comissão de Saúde desta Casa, para buscarmos soluções que visem o amplo acesso à saúde preconizado pela nossa constituição. Esse tipo de câncer afeta 4% da população e está entre os 10 tipos de tumores que mais causam mortes no Brasil”, disse Cristiane Dantas, ao abrir os trabalhos.
Iniciando o debate, o neurocirurgião e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Wladimir Melo, agradeceu a realização da audiência pública, falou sobre o câncer cerebral e propôs a criação de um Sistema de Alta Complexidade de Neurocirurgia no RN. “Mais um ano discutindo os tumores cerebrais visando debater esse tema. O câncer do sistema nervoso central são os que ocorrem no cérebro e na medula espinhal. São nove os tipos de câncer cerebral. Não se sabe exatamente o que é capaz de desencadear a formação de um tumor cerebral, mas pode haver uma predisposição genética. Gostaria de aproveitar a ocasião e propor a implantação de um sistema de alta complexidade em neurocirurgia no Rio Grande do Norte, que ainda não temos”, disse.
O médico Emerson Luiz Campelo de Oliveira, neurocirurgião oncológico da Liga Contra o Câncer destacou o trabalho desenvolvido pela instituição. “Desde 2020 a Liga vem desenvolvendo um trabalho de fortalecimento da neurocirurgia. Adquirimos equipamentos que nos proporcionam maior precisão no diagnóstico da doença e, consequentemente
A falta de tecnologia de ponta e de informação correta foram abordadas pelo representante do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), Ângelo Raimundo da Silva Neto. “Além da falta de informação, o segundo ponto que mais dificulta o nosso trabalho no combate ao câncer cerebral é a falta de tecnologia. São equipamentos muito caros, porém de extrema relevância para um diagnóstico preciso e infelizmente a nossa realidade é bem diferente”, ponderou.
Para o neurologista, Alex Soares de Souza, a capacitação dos profissionais da área da saúde, principalmente das Unidades Básicas de Saúde (UBS) seria preponderante para identificar a necessidade de uma investigação mais minuciosa. “Não temos muito e o que temos deve ser utilizado de forma assertiva. Se esses profissionais fossem capacitados para identificar um paciente com suspeita da doença, o caminho se tornaria mais curto e a possibilidade de cura maior”, reforçou.
Dando sequência ao debate, o neurocirurgião Fábio Santos Esteves Júnior atentou para um ponto considerado importante pelos especialistas, a subnotificação dos números. “Os registros de casos de câncer cerebral ainda são pequenos, mas aqui faço um alerta as autoridades. O que está acontecendo é que não estamos diagnosticando essa doença. Infelizmente para que isso ocorra, exames de alta complexidade são necessários e estes não estão à disposição da população mais carente e essa realidade precisa ser modificada”, alertou.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) fez uma projeção de 11.490 mil casos de câncer do sistema nervoso central no Brasil, sendo 6.110 em homens e 5.380 em mulheres, a cada ano do triênio de 2023 a 2025. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5,80 casos novos a cada 100 mil homens e de 4,85 a cada 100 mil mulheres.