Cuidar dos dentes pode ajudar a prevenir dores crônicas nas articulações. Como isso é possível? É o que diz uma recente pesquisa que observou a presença de uma determinada bactéria no organismo de pacientes que sofriam de dores crônicas, como por exemplo, artrite reumatóide. O próximo passo é tentar associar estes estudos às possibilidades de cura destas e outras doenças.
Quando a bióloga computacional Vicky Yao, da Universidade de Rice no Texas, nos Estados Unidos, encontrou vestígios de uma bactéria associada a doenças no dente em pacientes que sofriam dores crônicas nas articulações, ela ficou confusa e não soube muito bem com o que estava lidando.
Intrigada com a situação, a bióloga resolveu ir à fundo na pesquisa. Sua persistência a levou a uma série de experimentos a fim de entender a conexão entre a doença periodontal, uma inflamação dos tecidos que suportam os dentes, com as dores crônicas nas articulações.
Deu certo!
A persistência da pesquisadora foi recompensada com o recente estudo publicado na Science Translational Medicine, revista científica.
Vicky pediu ajuda a Dana Orange, professora e médica reumatologista do Hospital de Cirurgias Especiais, e Bob Darnell, professor e médico da Universidade de Rockfeller.
Dana e Bob são estudiosos da artrite reumatóide e cederam dados de suas pesquisas para Vicky. A pesquisadora recorreu aos professores, após, em estágio de coleta inicial para sua pesquisa, encontrar vestígios de bactérias associadas à doença periodontal em amostras coletadas de pacientes com a artrite.
“Dana, trabalhando com Darnell, coletou dados de pacientes com artrite em intervalos regulares enquanto, ao mesmo tempo, monitorava quando os surtos aconteciam”, disse Vicky.
A ideia da pesquisadora foi olhar para esses dados e procurar algum padrão que desse a ela pistas sobre o que poderia causar o surto de artrite.
Palestra mudou a pesquisa
Vicky ainda muito intrigada, tentando estabelecer conexões entre dores de dente e artrite reumatóide, a cientista assistiu uma palestra que despertou novas possibilidades!
“Enquanto trabalhava naquele projeto, participei de uma palestra legal porque apontou que muitos dos dados que são ignorados ou jogados fora, você pode encontrar vestígios de micróbios”, explicou.
Foi então que Vicky passou a dar uma maior atenção a essas amostras, que antes eram descartadas, e descobriu que os germes que mudaram consistentemente entre os pacientes antes das crises de artrite eram aqueles associados à doença gengival. É muito legal como a ciência é questão de detalhes, né?
“Uma das coisas que surgiu foi: quão legal seria se você pudesse prescrever algum tipo de enxaguante bucal para ajudar a prevenir crises de artrite reumatóide”, disse a pesquisadora.
Ou seja, manter a higiene bucal em dia pode te livrar de um baita problemão no futuro, viu?!
Câncer
A descoberta da pesquisadora sobre micróbios nas sobras de amostras humanas, a inspirou a adotar uma abordagem muito semelhante ao analisar dados de pacientes com câncer.
“A esperança aqui é que, se encontrarmos algumas assinaturas microbianas ou virais interessantes associadas ao câncer, possamos identificar direções experimentais produtivas a serem seguidas”, afirmou.
Vicky disse que se os experimentos confirmarem ligações causais entre vírus ou bactérias é um tipo de câncer, isso poderá ser muito útil em terapias contra a doença!
Agora a pesquisadora vai seguir na área da biologia computacional, usando novas abordagens para preencher uma lacuna entre os dados experimentais e novas formas de interpretá-los.
“A análise computacional é uma maneira de ajudar a interpretar os dados e priorizar as hipóteses para os clínicos ou cientistas experimentais testarem”, declarou.
Informações da Universidade de Rice