Entenda a cirurgia do ‘bumbum brasileiro’, que vem causando polêmica na Flórida

Técnica consiste em remodelar glúteos a partir de injeção de gordura no local

 

O Senado da Flórida se reuniu nesta semana para discutir a proposta de lei estadual da republicana Ileana Garcia sobre a retirada de limitações de três procedimentos diários das chamadas cirurgias de bumbum brasileiro (Brazilian butt lift, em inglês), plásticas que consistem na remodelação da área a partir da injeção da gordura da própria paciente no local.

Além da limitação de atendimento de um paciente por vez, o texto prevê a determinação do uso de ultrassom para auxiliar a inserção correta do material – que deveria ser de forma subcutânea – e da necessidade de o procedimento ser realizado por um médico, delegando outras funções a outros médicos sob sua supervisão.

As limitações de três procedimentos diários, anteriormente estabelecidas, em caráter emergencial, em 2022, deram-se pelo registro de dez mortes no período de três anos, associadas ao procedimento, segundo informou em agosto do ano passado a emissora de TV CBS Miami.

As mortes teriam ocorrido devido embolias pulmonares, provocadas pela entrada de gordura na corrente sanguínea dos pacientes.

À época, sociedades americanas, como a Surgeons for Safety, manifestaram-se contra as limitações, alegando que tais erros ocorriam devido a profissionais realizarem o procedimento em mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

A “cirurgia de bumbum brasileiro” é conhecida aqui no Brasil como lipoescultura ou lipoenxertia glútea.

Segundo a cirurgiã plástica Tatiana Moura, da Clínica Tera, o procedimento consiste na retirada de gordura de outras áreas do corpo, como abdômen ou culote, e injetá-lo na área dos glúteos, de forma a moldá-los e deixá-los mais redondos e volumosos.

“É preciso ter muito cuidado ao realizar esses enxertos, porque não basta ter a gordura e quererinjetar 400 m de cada lado, por exemplo. Não é isso. Além de você ter uma pele que comporte essa demanda, a gordura transferida passará por um processo de integração na área receptora, que passará a nutrí-la até que esteja adaptada. Então, ela passará a ter novos vasos sanguíneos. Se não houver tecido suficiente para nutrir essa gordura, ela poderá ser reabsorvida, necrosar, infeccionar ou até trazer deformidades, nodulações e cistos”, explica Larissa Sumodjo, cirurgiã plástica da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).

Além disso, Larissa alerta que a maior preocupação entre os cirurgiões é quando há o enxerto dentro do múculo dos glúteos (o procedimento pode injetar gordura junto à gordura do local ou de forma intramuscular), onde há a presença de importantes vasos sanguíneos.

Assim, é essencial que os profissionais estejam atentos às cânulas utilizadas, prestando atenção para que o enxerto de gordura não seja realizado em tais vasos, o que poderia levar à corrente sanguínea e causar problemas, como a embolia gordurosa, por levar essa partícula a órgãos como o coração ou pulmão.

Dessa forma, Larissa alega que, para evitar tal complicação, é recomendada que essa injeção seja feita de forma subcutânea, evitando o músculo.

Tatiana opina que o limite de cirurgias realizadas diariamente chega a ser surpreendente.

“Não é uma prática que temos no Brasil, porque só uma lipoaspiração do torso mais na área frontal, cotumam levar de três a quatro horas, sem contar o enxerto. Se eles fazem mais de duas cirurgias por dia, significa que há um número elevado de procedimentos, o que acabará interferindo na qualidade do procedimento”, avalia.

Ambas as cirurgiãs afirmam que a prática de cirurgias simultâneas em mais de um paciente não deve ocorrer, justamente pela inviabilidade.

Deu no R7

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