Quase dois meses após a posse presidencial, o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se transformou em uma “usina de ruídos” na economia, com declarações populistas e sinais contraditórios ao mercado, ao contrário do que aconteceu na primeira gestão do petista, entre 2003 e 2006. A avaliação é da economista Zeina Latif, que vê o presidente da República governando “com o fígado” e mais preocupado em agradar à militância do que em levar adiante uma prometida agenda de reformas.
Em entrevista ao Metrópoles, Zeina Latif, de 55 anos, lamenta a retórica agressiva de Lula e do PT contra o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e avalia que o governo “está colocando a culpa no remédio”, os juros, em vez de enfrentar a “doença” da inflação.
“Por tudo isso, o governo acaba sendo uma usina de ruídos. Lula me parece um presidente que governa muito com o fígado, com esses ataques ao BC, questionando coisas que estão funcionando e não deveriam ser mexidas agora”, diz Latif. “Obviamente, isso é fonte de ruído e ocupa espaço que deveria ser preenchido com a discussão de outros temas. No fundo, esses ataques acontecem justamente porque não há uma agenda consolidada.”
Segundo a ex-economista-chefe da XP Investimentos e ex-secretária de Desenvolvimento Econômico do estado de São Paulo, “o projeto do PT não se sustenta ao longo do tempo”. “Aumentar gastos e o intervencionismo estatal não é um projeto sustentável. Cedo ou tarde, é necessário um freio de arrumação. Quando Lula se posiciona sobre a economia, seja pelo que fala ou pelo que deixa de falar, gera ruídos”, constata.
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