Raiva, impotência e desespero. São esses os sentimentos relatados por mulheres vítimas de uma modalidade recente de golpe virtual. O esquema consiste na criação de perfis fake de pessoas reais, com fotos, nome e um link que direciona a um site falso, em que, supostamente, estariam imagens de conteúdo adulto da vítima.
Dessa forma, sofre a mulher pelo constrangimento e também os potenciais compradores, ao fornecerem dados bancários e perderem dinheiro.
“A primeira sensação, quando abri o perfil, foi de ódio. Depois, me senti impotente, porque vi que conhecia muitas pessoas que seguiam a conta. A maioria, homens: meu pai, meus tios, meus amigos. Foi bem bizarro”, conta a jornalista Isabelly Sobreira.
Laura Machado, 23, arquiteta, passou por um episódio parecido ao deparar com o golpe, sobretudo pelo fato de o pai estar entre os perfis da conta falsa.
“Pensei: ‘Meu Deus do céu, o que eu faço?‘. E aí eu já mandei mensagem para ele na hora, mandei um print, expliquei o que tinha acontecido e pedi para ele denunciar também. E aí ele ficou tranquilo, levando numa boa. Foi um desespero mesmo”, lembra.
Ela explica que, no caso dela e de outras mulheres com quem conversou, a conta falsa já bloqueava automaticamente a vítima, o que atrasaria a denúncia de quem sofreu com o problema. Ela mesma só pôde visualizar o perfil fake com a ajuda da irmã.
Embora recente, esse tipo de golpe tem somado vítimas nas últimas semanas, sobretudo por meio de contas no Instagram.
A modalidade pode configurar mais de um tipo de crime, uma vez que atinge dois perfis, segundo Raquel Gallinati, diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil: a mulher, exposta, e os potenciais compradores.
Para a pessoa cujo perfil é divulgado, trata-se de crime contra a honra. Aos financeiramente prejudicados, o caso é de estelionato.
Os criminosos buscam as facilidades para a prática do crime. Eles usam não só o Onlyfans mas também perfis de pessoas que teriam dificuldade para descobrir que estavam sendo enganadas.
Delegado titular do 22º DP (Distrito Policial), de São Miguel Paulista, José Mariano Araújo diz que essa modalidade é uma variante de outras que possuem formas similares de operação.
Há casos em que as próprias mulheres são extorquidas com suas fotos de conteúdo sensível, quando essas imagens são obtidas pelos criminosos, ou outros nos quais o homem é atraído por meio de aplicativos para encontro e vira vítima de sequestro — o hoje chamado de golpe do Tinder.
“São variações de situações que envolvem divulgação de material sensível. É um estelionato, antes de mais nada. E, se não tem o material sensível, a mulher tem a proteção pelo crime contra a honra”, afirma Mariano, especializado em crimes cibernéticos.
Deu no R7