O debutante senador potiguar, Rogério Marinho, neto do homem que pintava cavalos azuis, o saudoso ex-senador Djalma Marinho, pode pintar como o novo presidente do Senado Federal para o biênio de 2023/24.
Alguns dizem que é praticamente impossível, que são favas contadas a reeleição do senador mineiro, Rodrigo Pacheco, mas talvez não e o ex-ministro de Bolsonaro tem como inusitado “cabo eleitoral”, o presidente Lula.
Na política ocorre esses paradoxos e hoje Bolsonaro atrapalha e Lula ajuda a postulação de Rogério Marinho e não estou maluco quando digo isso, entendam…
Com o episódio do vandalismo absurdo na praça dos três poderes, o “bolsonarismo”perdeu força no Senado, mesmo com a boa quantidade de aliados eleitos, que notadamente votarão em Rogério, mas não são suficientes, sozinhos, para atingir os 41 votos necessários num colegiado de 81 senadores.
Por sua vez, Lula trabalha todos os dias a favor de Rogério, ontem no Uruguai, por exemplo, atacou o ex-presidente Michel Temer (MDB) com a pecha de “golpista”, atacando por tabela todos os senadores que condenaram a ex-presidente Dilma ao “impeachment”.
— Ora, no próprio ministério de Lula há políticos que votaram a favor do impeachment, como no Senado, na base que tenta constituir a favor do seu governo e são eles todos “golpistas”?
Bom lembrar que Temer e Rogério tem excepcional relação política, inclusive foi o potiguar, quando deputado federal, o relator da reforma trabalhista proposta no seu governo. Será que até esse instante, essa “aloprada” de Lula, não tenha motivado uma conversa entre Rogério e Temer?
— Lula parece que esqueceu o ministro Alexandre de Moraes, seu principal e maior aliado, tanto durante as eleições, como no início turbulento de seu governo, indicado por Michael Temer e fruto do que ele aponta como “golpe”.
Bem, a margem de tudo isso, Rogério tem outros pontos ao seu favor, diferente do que aponta a grande imprensa, não é nada radical, muito pelo contrário e todos no meio político reconhecem sua capacidade de articulação e diálogo.
A votação será secreta, seguindo o regimento interno, com os 81 senadores votando em cédulas de papel, nada de urna eletrônica, lembrando que em 2019 a eleição teve que ser refeita, depois que surgiram no escrutínio 82 votos e não 81. Uma piada pronta, alguém votou duas vezes.
A votação secreta, acreditem, ajuda mais o candidato da oposição, ainda mais, quando veladamente os senadores demonstram incomodados com o ativismo judicial e a interferência no poder legislativo por parte dos ministros do STF, que preferem Rodrigo Pacheco.
O discurso de Rogério para seus pares, vem exatamente neste sentido, devolver o protagonismo do Senado Federal, resgatando a independência e promovendo a harmonização da democracia brasileira.
Agora, mesmo diante de tudo isso, não podemos deixar de lado o super favoritismo do Rodrigo Pacheco na busca de sua reeleição, o governo federal já ligou as turbinas e a todo vapor segue negociando o loteamento de cargos em toda a máquina pública.
Enfim, tudo ficou para fevereiro, como na belíssima canção de Geraldo Azevedo, para sabermos o caminho escolhido pelos senadores.
“Quando fevereiro chegar Saudade já não mata a gente A chama continua no ar O fogo vai deixar semente”
Sinceramente, uma vitória de Rogério Marinho possibilitaria o contraponto e o contrapeso necessário para a pacificação do país, colocando freios nos abusos e possibilitando pontes de diálogo, caso contrário, seguiremos com um Senado apequenado e vassalo dos outros poderes.
“…A gente ri, a gente chora
Ai, ai, ai, a gente chora
Fazendo a noite parecer um dia
Faz mais.
Depois, faz acordar cantando
Pra fazer e acontecer
Verdades e mentiras. “
Renato Cunha Lima é administrador de empresas, empresário e escritor