A TV Jovem Pan News precisou afastar a comentarista política Cristina Graeml de sua programação. Ela não deve participar do Jornal Jovem Pan e do 3 em 1 até o fim das eleições, em 31 de outubro.
A decisão ocorre porque o nome da jornalista é citado diversas vezes nas representações encaminhadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A intenção da emissora é evitar novas retaliações.
“O PT finge ser democrático, mas adora uma ditadura”, disse Cristina, em vídeo publicado nesta quinta-feira, 20, no Twitter. “Faz amizade com ditadores e proíbe jornalistas e pessoas comuns de falarem dessa amizade.”
A jornalista lembrou os recentes avanços do TSE contra a liberdade de expressão, incluindo a censura prévia à Brasil Paralelo e a tentativa de censura à Gazeta do Povo. “Não podemos mais trazer notícias de um passado recente, em que um ex-governante estava preso por ter cometido crimes”, revelou.
Cristina ressalta que as decisões do TSE são arbitrárias e contrariam a liberdade de expressão, prevista na Constituição de 1988. “A população brasileira não aceita viver sob ditadura”, salientou. “O brasileiro não tolera isso.”
Recentemente, a emissora precisou afastar a comentarista política Zoe Martínez do programa Morning Show. A Jovem Pan teme que possíveis comentários contra Lula possam desagradar aos ministros da Corte Eleitoral. Os Pingos nos Is, programa de destaque nacional, precisou modificar parte do quadro de comentaristas para atender às regras da Justiça Eleitoral.
Onda de repressão
Na quarta-feira 19, a Jovem Pan comunicou que está sob censura. A empresa foi proibida pelo TSE de informar os brasileiros sobre os fatos que envolvem as condenações de Lula. O grupo empresarial argumenta que a decisão da Corte foi proferida “ao arrepio do princípio democrático de liberdade de imprensa”, que proíbe qualquer forma de censura e obstáculo para a atividade jornalística. “Não importa o contexto, a determinação do Tribunal é para que esses assuntos não sejam tratados na programação jornalística da emissora”, diz o texto.
A emissora alerta para os riscos da escalada autoritária do TSE, visto que a decisão de cercear a liberdade de imprensa pode afetar todos os veículos de comunicação do país. “Enquanto as ameaças às liberdades de expressão e de imprensa estão se concretizando como forma de tolher as nossas liberdades como cidadão neste país, reforçamos e enfatizamos nosso compromisso inalienável com o Brasil”, comunicou o grupo empresarial. “Acreditamos no Judiciário, nos demais Poderes da República e nos termos da Constituição Federal de 1988. Defendemos os princípios democráticos da liberdade de expressão e de imprensa e fazemos o mais veemente repúdio à censura.”