Alternativa para o futuro da tecnologia de combustíveis, o óleo diesel de etanol é uma das apostas do setor sucroenergético brasileiro. Ao contrário do convencional, que tem origem fóssil e é utilizado em veículos de transporte de carga ou passageiros, geradores elétricos e indústrias de todos os segmentos, o novo combustível, produzido com tecnologia nacional, é visto como opção para diminuir a emissão de gases do efeito estufa, que provocam o aquecimento global, nos próximos anos.
O diesel da cana tem sido usado de forma experimental por empresas e em ônibus do transporte coletivo de São Paulo. O combustível foi um dos principais temas abordados durante a abertura da 28ª edição da Fenasucro & Agrocana na terça-feira, 16 de setembro, em Sertãozinho (SP).
O presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, explica que o combustível é formado a partir de um processo químico de alongamento da molécula do etanol até virar uma molécula de diesel e, se adotado, deve fomentar a economia nacional.
“O Brasil ainda importa mais de 14 bilhões de litros de diesel por ano. A produção do diesel de fontes renováveis, como essa, a partir do alongamento da molécula do etanol, é uma rota extremamente promissora e deve ser incorporada não só para transporte terrestres, mas também para os marítimos”, afirma.
Para o presidente da Fenasucro, Paulo Montabone, o uso do novo combustível não está longe de se tornar realidade. Ele acredita que o diesel de etanol deverá gerar uma onda de investimento do setor da cana, para substituir, inclusive, o diesel usado nas máquinas que operam nas plantações. Isso poderá fazer com que a certificação das usinas viva um novo momento, de maior eficiência energética e menor impacto negativo no meio ambiente.
De acordo com Montabone, o diesel produzido a partir do etanol é uma tecnologia brasileira que está “guardada a sete chaves”. Além das vantagens ambientais, ele cita os ganhos econômicos, graças às possibilidades de exportação. “É a grande tecnologia do momento. E ganha a indústria do interior de São Paulo, que vai se desenvolver para atender essa nova demanda da construção das biorrefinarias”, afirma.
Pesquisas
A tecnologia, em fase experimental, ainda não tem autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para ser comercializada. Enquanto a liberação não acontece, estudiosos trabalham, em universidades, institutos de pesquisa e empresas, para aprimorar seu funcionamento.
O diretor técnico Marcos Daniel de Lima, da Duo Automation, explica que a companhia, inicialmente voltada para o setor automotivo e que, agora, atua também no mercado agronômico, passou a desenvolver estudos relacionados ao diesel “verde”.
“Houve uma demanda interna e, como somos uma empresa que busca inovação e estamos ligados às universidades, demos início a esses trabalhos para resolver o que, em um primeiro momento, era um problema de usinas. Só que a gente sabe que isso vai se estender”, relata.
Segundo Lima, a recepção na Fenasucro tem sido encarada como um “start” para a empresa, que pretende divulgar os resultados já obtidos para atrair industriais para o combustível. “A tecnologia pode ser implantada em qualquer usina. Ela pode inclusive gerar lucro, já que as usinas gastam em média cerca de 10% de seu faturamento bruto com diesel fóssil para frotas e máquinas”, coloca.
Informações da Novacana