O eleitor vai às urnas nas eleições desse ano completamente cego de como vai seu candidato na corrida eleitoral. Tem pesquisa para todo gosto ou seria ao gosto do freguês?
O termo “voo cego” é geralmente usado por pilotos de avião para indicar que ele não consegue ver o solo. Por isso é necessário o uso de instrumentos para voar e aterrissar ou decolar com segurança.
Como o voto é secreto e o ato final de uma corrida eleitoral, as pesquisas eleitorais deveriam servir como instrumentos para os candidatos avaliarem suas estratégias e para o eleitor acompanhar, de forma transparente, o curso da disputa eleitoral e ter confiança no resultado das urnas.
—Agora, e se os instrumentos, no caso as pesquisas forem falhos?
Na prática, as pesquisas eleitorais se tornaram um comércio de peças publicitárias e de fabricação de tendências e cenários em favor do interesse de quem banca o levantamento.
Na disputa polarizada para Presidente da República temos pesquisas com resultados tão discrepantes em favor de um e de outro que, obviamente, alguém está mentindo.
A estatística é uma ciência e não um palpite, uma adivinhação. As pesquisas eleitorais de qualidade utilizam as teorias probabilísticas para possibilitar, dentre outras coisas, a previsão de fenômenos futuros como são as eleições, mas o que temos no Brasil é um histórico flagrante de erros, bem além da margem aceitável.
Pelos institutos famosos, a ex-presidente Dilma Rousseff estaria ocupando hoje uma das cadeiras do Senado, mas na urna a petista terminou em quarto lugar, numa disputa em que era considerada a favorita nas pesquisas.
Os erros não são isolados, em 2018 as pesquisas famosas não previram as vitórias de Romeu Zema em Minas Gerais, de Witzel no Rio de Janeiro e durante quase toda a corrida eleitoral as pesquisas previam a derrota de Jair Bolsonaro contra qualquer um que disputasse com ele o segundo turno.
Nas eleições de 2020 novamente erros absurdos no Rio Grande do Sul, no Ceará e em São Paulo. Tudo isso, sem que nada tenha ocorrido com os institutos vendedores de mentiras.
O presidente da câmara dos deputados, Arthur Lira, foi hoje em sua conta no Twitter alertar:
“Nada justifica resultados tão divergentes dos institutos de pesquisas. Alguém está errando ou prestando um desserviço. Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura.”
Nas eleições que acompanho de perto, no Rio Grande do Norte e Paraíba, a justiça eleitoral vem recorrentemente impugnando pesquisas com algum tipo de vício flagrante, mas nada impede que tenhamos ainda resultados vertiginosamente diferentes.
Analisando algumas pesquisas, verifiquei metodologias diferentes, entre pesquisas presenciais e telefônicas, e saltou aos olhos alguns institutos não seguirem a proporção socioeconômica descrita na última PNAD de 2021, como também não, a proporção das preferências religiosas.
— Óbvio que isso altera o resultado!
Importante que os eleitores fiquem atentos e que cobrem da justiça eleitoral uma punição para os institutos que errarem muito além do aceitável estatisticamente neste primeiro turno. Queremos pesquisas sérias, honestas, científicas e não peças para induzir o eleitor.
Faltam poucos dias para a verdade aparecer e não podemos esquecer quem usou da mentira para nos enganar e como em terra de cego, quem tem um olho é rei, abra do olho !
Renato Cunha Lima é administrador de empresas, empresário e escritor