O Tribunal de Contas da União (TCU) desembolsou R$ 79.723,85 em passagens e diárias para que o ministro Walton Alencar Rodrigues participasse de um evento em Ukulhas, uma das ilhas paradisíacas das Maldivas.
A 21ª Assembleia do Grupo de Trabalho em Auditoria Ambiental (WGEA, na sigla em inglês), da Organização Internacional de Instituições Superiores de Fiscalização (Intosai), ocorreu entre os dias 4 e 6 de julho deste ano na ilha, segundo o site do próprio evento. Entretanto, o ministro do TCU ganhou oito diárias e meia pela viagem.
Walton Alencar recebeu R$ 29.069,34 em diárias. Já o gasto do tribunal com as passagens foi de R$ 50.654,51.
O ministro viajou para Ukulhas no dia 30 de junho, uma quinta-feira. Oficialmente, a assembleia começou apenas na segunda seguinte (4/7) e terminou na quarta (6/7). Walton Alencar voltou para o Brasil na sexta, dia 8. Os dados foram levantandos pelo Portal Metrópoles junto à transparência do Tribunal de Contas da União.
O TCU e o gabinete de Walton Alencar foram procurados desde a tarde de terça-feira (9/8) para esclarecerem a viagem, mas não se manifestaram. O espaço segue aberto.
O ministro não publica sua agenda no site do tribunal. Assim, não é possível saber se ele teria outros encontros além da participação na assembleia. O evento, porém, é a única justificativa apresentada na área de transparência do TCU.
Uma publicação do Tribunal de Contas das Maldivas, organizador do evento, mostra que Walton Alencar foi recebido por lá no sábado (2/7).
O ministro também não estava entre os palestrantes do evento, segundo o site do WGEA.
O Portal Metrópoles apurou que o TCU enviou ao menos outros dois servidores para as Maldivas. Tratam-se dos auditores fiscais Dashiell Velasque da Costa e Hugo Chudyson Araújo Freire. Eles ficaram dois dias a mais na ilha em relação ao ministro, de 30 de junho a 10 de julho, e receberam cerca de R$ 19 mil em diárias cada.
No Instagram, Dashiell fez duas publicações sobre a viagem. Uma delas no dia 6 de julho, quando contou ter representado o TCU na assembleia. Naquela dia, escreveu: “Fechamos hoje o evento muito felizes com o resultado do trabalho”. Ele ganhou outras quatro diárias depois desse dia.
Uma segunda publicação ocorreu em 14 de julho. “Depois que o evento da semana passada acabou, e voltamos de uma excursão a uma ilha minúscula e isolada, paramos num pequeno cais, onde a água do mar era cristalina. Era um local bom para avistar espécies aquáticas. Passamos, acho, pelo menos uma hora lá. Vimos tantos bichos. […] Foi um momento de paz, e de sensação de dever cumprido, com uma maravilhosa recompensa”, escreveu ele. Confira:
Dashiell foi procurado por meio das redes sociais. O auditor disse que o evento não foi de 4 a 6 de julho, mas sim de 3 a 7. Segundo ele, essas datas de 4 a 6 foram para os países que acompanharam o evento on-line. “Como o Brasil faz parte do conselho diretivo do WGEA, fomos solicitado a participar presencialmente”, disse Dashiell, que passou a detalhar os eventos.
“No primeiro dia, houve a recepção e reuniões de alinhamento. Os três dias seguintes foram para debates, discussão e aprovação das iniciativas do plano de trabalho anterior e apresentação das propostas para o plano de trabalho futuro, com transmissão on-line. O último dia foi dedicado a uma excursão ambiental. O restante das diárias se deu em virtude dos deslocamentos”, disse.
Dashiell foi questionado sobre ter recebido diárias nos dias 30/6 e 1º/7, 2/7, 8/7, 9/7 e 10/7, mas ele não explicou e pediu para a reportagem procurar o tribunal.
Deu no Metrópoles