Como funciona a ‘bomba-ninja’ dos EUA que ‘fatiou’ terrorista da Al-Qaeda

Diagrama do míssil Hellfire R9X, conhecido como "bomba ninja" - Reprodução

 

 

No último fim de semana, as Forças Armadas dos Estados Unidos mataram o líder do grupo terrorista Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri, em Kabul, no Afeganistão. Ele estava na varanda de um edifício no último domingo, um pouco depois que amanheceu, quando foi atingido por dois mísseis. Assim que as fotos do ataque começaram a circular nas redes sociais, especulou-se que não eram mísseis comuns, e sim uma arma tem sido apelidada de “bomba ninja”. Ela seria tão letal e discreta quanto os lendários guerreiros japoneses: não utiliza materiais explosivos, e sim lâminas, provocando danos mínimos ao redor do alvo.

Zawahiri, de 71 anos, estava na lista de alvos terroristas dos Estados Unidos há mais de duas décadas. Ele seria um dos mentores dos ataques terroristas de 11 de setembro no World Trade Center em Nova York e no Pentágono em Washington DC. Mas, afinal, como funciona a bomba-ninja? Usada pelo menos desde 2017, a “bomba-ninja” na verdade se chama R9X Hellfire. Ela foi desenvolvida a partir do amplamente utilizado míssil Hellfire, mas com uma grande diferença: ela não possui uma ogiva. Ou seja, não contém um sistema nuclear ou termonuclear com agentes químicos ou biológicos com a finalidade de explodir. A estrutura da bomba inclui seis lâminas longas internas, que se abrem na forma de um halo (círculo) ao redor do míssil, momentos antes de destruir seu alvo. Essas facas esmagam e cortam o alvo sem atingir o entorno. Por isso, o RX9 também ficou conhecido também como “Ginsu voadora” (em alusão à marca americana de facas Ginsu). Ele mede cerca de 1,5 m de comprimento e pesa entre 30kg a 45kg. Devido à sua arquitetura, o artefato é capaz de atravessar edifícios e carros com facilidade. Para se ter uma ideia, ao acertar um alvo dentro de um carro, por exemplo, a bomba-ninja é tão precisa que deixa as outras pessoas no interior do automóvel ilesas.

 

Uma arma política

 

A precisão foi o motivo pelo qual ela foi desenvolvida, segundo alguns relatórios já divulgados pela imprensa internacional. Desde o início de seu primeiro mandato, em 2009, o então presidente Barack Obama expandiu drasticamente o programa americano de ataques utilizando drones carregados com mísseis explosivos. Essa decisão lhe custou queda de popularidade e polêmicas, visto que o uso desse tipo de arma atingia também civis e inocentes.

Em 2011, o R9X Hellfire começou a ser desenvolvido com a finalidade de ser usado em alvos específicos, como é o caso de líderes terroristas, e assim evitar mortes de civis em ataques aéreos. Algumas reportagens já trazidas pelo Wall Street Journal,com informações que teriam sido reveladas por funcionários do Departamento de Defesa dos EUA, indicam que os mísseis vêm sendo usados pelo menos desde fevereiro de 2017, em operações na Líbia, Síria, Iraque, Iêmen, Afeganistão, Paquistão e Somália. No entanto, o Pentágono e a CIA (as duas agências que realizam os ataques direcionados) nunca reconheceram oficialmente o uso do míssil R9X Hellfire.

 

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Míssil Hellfire R9X, conhecido como “bomba ninja”

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