O ator e comediante Fábio Porchat se pronunciou sobre as críticas que vem recebendo desde o fim de semana devido a uma cena que protagoniza no filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, de 2017. Na segunda-feira (14), através da imprensa, Porchat ressaltou que o ato de pedofilia praticado pelo seu personagem, que é o vilão da história, não pode ser entendido como apologia ou incentivo à prática.
Usando como exemplo outros personagens de produções nacionais e internacionais, Fábio Porchat relembrou que diversos personagens que são antagonistas das tramas fazem atos reprováveis, mas que isso faz parte da história e é por esse fato que eles são os vilões.
“Vamos lá: como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas… O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim”, disse Porchat.
De acordo com ele, os temas diversos são retratados em produções audiovisuais, como filmes e novelas, e são até premiadas pela crítica. Ele citou, inclusive, o ator Jackie Earle Haley, que concorreu ao Oscar em 2007 interpretando um pedófilo no filme Pecados Íntimos.
“Só que quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes, é duro de assistir, verdade. Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional Cidade de Deus? Ou tráfico de crianças em Central do Brasil? Ou a hipocrisia humana em O Auto da Compadecida. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha”, finalizou o comediante.
A comédia “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, baseado em livro de Danilo Gentili, foi aos cinemas em 2017 e não teve grande repercussão. No fim de semana, um trecho em que o personagem de Fábio Porchat exige que dois adolescentes o masturbem circulou nas redes sociais com críticas pesadas nas redes sociais. Os perfis do ator, de Danilo Gentili e até da Netflix (plataforma de streaming que abriga o filme) foram alvos de enxurradas de críticas. Somente Gentili se pronunciou nesses canais.
“O maior orgulho que tenho na minha carreira é que consegui desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista. Os chiliques, o falso moralismo e o patrulhamento vieram fortes contra mim dos dois lados. Nenhum comediante desagradou tanto quanto eu. Sigo rindo”, escreveu em sua conta no Twitter.