Reitores se retiram de sindicato de viés esquerdista e fundam sua própria associação

Reitores que se afastaram da Andifes lideram a criação de uma nova instituição dedicada a representar os interesses de suas universidades junto ao MEC.

Em julho de 2021, cinco reitores de universidades federais se desligaram da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Eles não estavam em primeiro lugar na lista tríplice formada por suas instituições, mas foram escolhidos pelo Ministério da Educação para ocupar os cargos – o ministério tem o direito legal de escolher qualquer nome entre os três indicados, ainda que, tradicionalmente, até 2019, costumasse selecionar o que recebeu mais votos do colégio eleitoral da instituição.

Agora, os reitores que se afastaram lideram a criação de uma nova instituição dedicada a representar os interesses de suas universidades junto ao MEC. Trata-se da Associação dos Reitores das Universidades do Brasil (Afebras).

José Candido Lustosa Bittencourt de Albuquerque, reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi um dos que se afastou. “Fomos hostilizados abertamente”, relembra ele. “O presidente da Andifes, o reitor Edward Madureira, dizia que que nossas vagas iam permanecer reservadas para os primeiros colocados das listas das instituições. Não havia diálogo, é uma instituição totalmente emparelhada, que utiliza as universidades públicas como palanques políticos”.

Fazem parte da nova organização o reitor Paulo César Fagundes Neves, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que não havia participado do rompimento, e os cinco que tomaram a iniciativa em julho. São eles: Albuquerque, da UFC; Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira, da Universidade Federal do Semi-Árido (UFERSA); Edson da Costa Bortoni, da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI); Janir Alves Soares, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Murici (UFVJM), e Carlos André Bulhões Mendes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“Outros reitores têm nos procurado. A tendência é o número de universidades participantes aumentar”, projeta Albuquerque, que é o primeiro presidente da nova entidade.

A Afebras terá sede em Brasília. E não se propõe a confrontar a associação mais tradicional, que foi fundada em 1989. “Queremos propor pautas relevantes para o ensino público superior e abrir canais de diálogo com toda a sociedade, incluindo a própria Andifes”, diz o reitor da UFC. “Não vamos pedir passaporte ideológico a ninguém, nem vamos exigir que os integrantes da Afebras deixem a Andifes”.

Entre as pautas da nova Afebras estão o financiamento para a pesquisa, a evasão de alunos e a relação das universidades públicas com os órgãos de controle, como a Advocacia-Geral da União, o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público. “Queremos agir com transparência e espírito democrático, prestando contas do uso do dinheiro público e defendendo as pautas da educação superior brasileira”, declara Albuquerque.

Deu na Gazeta do Povo

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