As negociações entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin visando a composição de uma chapa para a eleição presidencial de outubro de 2022 avançaram nas últimas semanas, mas o martelo só será batido no final do primeiro trimestre do ano que vem. Publicamente, o agora ex-tucano afirma que não tomou nenhuma decisão e ressalta que o momento é de “ouvir muito e dialogar”, mas aliados veem o acerto com o petista como um “caminho sem volta”.
Antes de aparecer publicamente ao lado de Lula no jantar do grupo Prerrogativas, no domingo, 19, o flerte seguia um ritmo cauteloso, no melhor estilo Alckmin. A saída do PSDB, embora dada como certa há alguns meses, ajudou a esquentar os boatos, que passaram a ser encarados como uma possibilidade real a partir do momento em que os dois posaram para foto no restaurante Figueira Rubayat, em São Paulo. Quando as especulações sobre a possível aliança surgiram, aliados de Alckmin apostavam que o ex-governador buscaria voltar ao comando do Estado que já governou por quatro mandatos. Cerca de 50 dias depois, avaliam que o ex-tucano deve seguir com o petista no pleito nacional.
Alguns acontecimentos reforçam esta percepção. Quando a saída de Alckmin do PSDB se tornou iminente, o PSD despontava como destino provável do ex-governador. Nesta configuração, o partido de Gilberto Kassab teria um candidato competitivo no maior colégio eleitoral do país. Como o ex-tucano passou a se aproximar do PT, Kassab retirou o time de campo. “Tenho respeito pelo governador Geraldo Alckmin. Nos últimos meses ele colocou uma pré-disposição em sair candidato a governador de São Paulo e o PSD o procurou levando nosso apoio. No momento em que ele deixa de lado esse projeto para dar prioridade a um projeto nacional, uma aliança com um candidato de outro partido, é evidente que nos afastamos desse projeto. Não temos nenhuma mágoa, é um direito dele. O PSD em São Paulo procurará seu caminho, que é uma candidatura própria para apresentar nas eleições”, disse à Jovem Pan.
Além disso, há quem acredite que a resistência de alas do PT ao nome de Alckmin será superada em nome da construção de uma frente ampla que dê a Lula condições de derrotar o presidente Jair Bolsonaro. Em conversa com a reportagem nesta quinta-feira, 23, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) seguiu raciocínio semelhante. “A chapa com Alckmin é muito interessante porque é bom poder ampliar as alianças do presidente Lula para além do campo da esquerda. O Alckmin tem grande prestígio em São Paulo e em outros Estados, o que ajuda a aumentar a intenção de voto na possível candidatura de Lula”, afirmou à Jovem Pan.