Psicóloga do Luto revela como o acolhimento pode ajudar vítimas de ataques virtuais

 

 

A potiguar Cristiane Alexandre viralizou nas redes sociais após o cantor Zé Felipe publicar um vídeo rindo dela. Nas imagens, ela desabafava sobre comer 12 pães no café da manhã. O artista logo foi acusado de gordofobia por muitos internautas. O termo utilizado na internet para classificar praticantes de “bullying virtual” é “hater”, uma palavra de origem inglesa que significa “odiador”, na tradução literal para a língua portuguesa.

Os “ciberataques”, como são chamadas as tentativas de invasão de computadores e dispositivos móveis por meio de fraudes on-line, cresceram 23% no Brasil em 2021, segundo a Kaspersky. Assim como Cristiane, quem navega no mundo virtual está vulnerável a ciberataques. Mas como ajudar vítimas de ataques on-line? A psicóloga especialista em luto do cemitério e crematório Morada da Paz, Beatriz Mendes, elege o acolhimento como ação mais adequada para ajudar as vítimas. “A palavra-chave é ‘acolher’, no lugar de ‘julgar'”, destaca.

Beatriz coloca que é importante compreender que o mundo virtual resume-se a uma parcela da nossa existência. “Assim, podemos abrir espaço para diálogo sobre isso no mundo real, com pessoas de confiança para que medidas sejam tomadas. É preciso contar com pessoas reais para a preservação da saúde mental, pois, muitas vezes, tomamos o virtual como representação da perfeição, o que se constitui um perigo”, ressalta.

Uma pesquisa da Royal Society for Public Health (RSPH), instituição de saúde pública do Reino Unido, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem, indicou que as redes sociais podem trazer benefícios ou malefícios à saúde, dependendo de como são usadas. A mídia social tem sido descrita como mais viciante do que cigarros e álcool, e agora está tão arraigada à vida dos jovens que não é mais possível ignorá-la.

A psicóloga especialista em luto do Morada da Paz ratifica os resultados do estudo, ressaltando que a internet por si só não se mostra perigosa. No entanto, o modo como navegamos nela se revela a chave para pensarmos uma infinidade de questões.

Beatriz cita que a articulação com o ciberespaço modifica a experiência da nossa possibilidade de expressão, do alcance de reflexões. “Isso pode ter efeitos muito positivos. Porém, quando algumas pessoas atrelam a liberdade ao contexto de irresponsabilidade e falta de limites diante da existência do outro, da coletividade, vivenciamos fortes perigos”, diz.

Crianças e adolescentes estão mais vulneráveis

Estabelecer-se filtros e transitar de maneira saudável nas redes não se revela fácil para os adultos; para crianças e adolescentes, isso é ainda mais desafiador. Em Natal, o estudante Lucas Santos, de 16 anos, tirou a própria vida, em agosto deste ano, após ser vítima de comentários homofóbicos nas redes sociais.

Ele era filho da cantora Walkyria Santos, a qual revelou que o jovem vinha sofrendo ataques nas redes sociais após publicar um vídeo no TikTok. Em vídeo publicado em uma rede social que ganhou destaque midiático, Walkyria lamentou o “ódio destilado na internet” e disse que precisava deixar um sinal de alerta para outras famílias.

O Rio Grande do Norte sancionou, em setembro, uma lei para a inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate à depressão, à automutilação e ao suicídio. A lei, denominada Lucas Santos, tem como foco também combater o cyberbullying entre os jovens.

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