Veja como funciona o Pix Saque e o Pix Troco, que têm início nesta segunda

 

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Ilustração : Pixabay

 

Banco Central implementa, nesta segunda-feira (29), duas novas ferramentas de método de pagamento instantâneo: o Pix Saque e o Pix Troco.

O primeiro permite que todos os clientes consigam sacar dinheiro de um ponto de venda qualquer, como uma loja de bairro, uma padaria ou um supermercado.

Funciona assim: o usuário chega no estabelecimento e informa o valor desejado para saque. Em seguida, o comerciante gera um QR Code, para o qual o cliente aponta a tela do celular e faz o Pix. Após a transferência, ele recebe o dinheiro físico do valor depositado.

O Pix Troco funciona de forma semelhante. A diferença é que o saque vem acompanhado de uma compra no estabelecimento, para a qual o cliente pode solicitar o troco em dinheiro físico. No final, um extrato comprovará a transação, que será computada pelo Banco Central.

Agentes de saque

A partir desta segunda-feira, os comércios já podem solicitar ao Banco Central para serem agentes de saque e troco. Após a solicitação, eles deverão se adaptar, disponibilizando, por exemplo, um QR Code para ofertar os serviços.

Informações sobre quais comércios aderiram à ferramenta para serem agentes de saque serão publicadas no portal de dados abertos do BC.

Além disso, a autoridade monetária vai possibilitar a funcionalidade por geolocalização. Isso significa que o usuário pode abrir o aplicativo do banco no qual tem conta e olhar através de um mapa o estabelecimento mais próximo para saque.

Vale ressaltar que além de comércios locais e estabelecimentos, os caixas eletrônicos também fornecerão essa opção de saque.

Gratuidade e limites

O Banco Central informa que pessoas físicas (incluindo empresários individuais) vão ter até oito saques gratuitos por mês, sem ser cobrada uma tarifa sobre a transação.

A partir da nona transação realizada, as instituições financeiras ou de pagamentos detentoras da conta do usuário podem cobrar um valor pelo serviço.

As gratuidades dos saques não são cumulativas para os meses subsequentes, e são ligadas a cada conta de depósitos ou conta de pagamento pré-paga.

Em relação aos limites, o usuário poderá sacar até R$ 500 durante o dia e R$ 100 no período noturno (das 20 horas às 6 horas).

O BC, no entanto, diz que haverá liberdade para os comerciantes colocarem limites inferiores a esses valores caso considerem melhor para seus fins.

Comerciantes têm vantagens

Além de ampliar as possibilidades de saque e de recebimento de troco dos clientes mediante a Pix, os comerciantes também possuem vantagens ao oferecerem os serviços, segundo especialistas.

Para o estabelecimento que aderir às ferramentas, cada operação do Pix Saque e do Pix Troco resultará no recebimento de uma tarifa que pode variar de R$ 0,25 a R$ 0,95, de acordo com o Banco Central.

Quem fará este pagamento será a instituição de relacionamento do cliente que vai fazer o Pix e sacar o dinheiro. Portanto, o cliente não terá que pagar essa tarifa a cada transação que realizar.

“Isso é uma forma de incentivo para que o comerciante forneça essas opções ao cliente”, afirma Thiago Saldanha, CTO da Sinqia.

João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, afirma que a ferramenta pode ser usada para atrair mais clientes aos estabelecimentos e melhorar o fluxo de caixa.

“É mais um serviço que um comerciante ou uma empresa pode oferecer para aumentar os clientes e o faturamento”, avalia.

“O comerciante vai poder escolher o horário e o momento que quiser utilizar [a ferramenta], de modo que ele possa manejar o caixa. Ele pode, por exemplo, oferecer em uma hora que ele já tenha acumulado dinheiro em efetivo”, acrescenta.

Além disso, Pinho de Mello diz que a ferramenta possibilitará ao comerciante não terminar o dia com muito dinheiro em caixa, evitando os perigos de manutenção e locomoção de grandes quantias de dinheiro.

Adesão

A nova modalidade do Pix tem tudo para cair nas graças dos brasileiros, segundo Thiago Saldanha, CTO da Sinqia.

Saldanha explica que a possibilidade de sacar dinheiro a partir de estabelecimentos comuns deverá ser bastante utilizada em cidades mais afastadas, onde não há tantas agências bancárias e caixas eletrônicos 24 horas.

“Nas cidades menores, eu acredito que vai ter uma aceitação boa. Nas grandes regiões, será mais uma opção de saque, mas acredito que também terá uma aceitação positiva”, avalia.

Thiago Saldanha acredita que haverá incentivo dos próprios bancos para que as pessoas usem a ferramenta, por conta do fluxo de caixa maior, e dos comerciantes, que recebem por transação e podem atender melhor os clientes.

“O próprio mercado vai fazer com que as pessoas adotem esse modelo. Não vai ser do dia para a noite, mas a comunicação tem que ser de duas vias para haver adesão”, diz.

Consequências

Para Rodrigoh Henriques, líder de inovações financeiras da Fenasbac (Federação Nacional das Associações de Servidores do Banco Central), mesmo que o Pix Saque e o Pix Troco sejam uma ideia de recebimento de dinheiro físico, a médio prazo as pessoas vão deixar de andar com as notas na carteira.

“Eu acredito que, no médio prazo, a garantia de que encontrar dinheiro físico vai ser tão fácil vai fazer com que a pessoa não ande com ele na carteira. Isso fará com que a pessoa não se preocupe com isso”, afirma.

“A ideia é pensar: ‘eu estou com pouco dinheiro, mas não vou sacar porque posso utilizar um Pix saque e troco quando precisar’”, completa.

Deu na CNN

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