Vinte e nove coordenadores do órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pediram nesta segunda-feira, 8, exoneração e dispensa coletiva. Faltam 13 dias para a prova, marcada para os dias 21 e 28, com 3 milhões de estudantes. Os servidores desempenham funções cruciais para a realização do exame.
O ato é um agravamento da crise que se instaurou no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) desde o início do governo de Jair Bolsonaro. O atual presidente Danilo Dupas – o quarto em três anos – é acusado pelos funcionários de desmonte do órgão mais importante do MEC, assédio e desconsideração de aspectos técnicos na tomada de decisões.
A carta de demissão, à qual o Estadão teve acesso, diz que eles entregaram os cargos por causa da “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep”. Afirmam, no entanto, que pretendem continuar a disposição do Inep pelo “compromisso com a sociedade e o empenho com as atividades relacionadas às metas de 2021”. Todos são servidores antigos e experientes, que já passaram por várias provas do Enem. Por volta do meio dia, quando o Estadão revelou o pedido de demissão coletiva, eram inicialmente 13 nomes, mas mais funcionários decidiram a assinar a carta ao longo do dia.
O número atual de pedidos de demissão representa 58% dos coordenadores do Inep, que são cargos de liderança. Muitos substitutos dos coordenadores estão saindo. O Inep tem atualmente 164 servidores ocupantes de cargos. Até agora, quase 20% deles deixaram seus cargos entre sexta-feira e esta segunda.