O “Halloween” é uma festa estadunidense que não faz parte de nossa cultura, mas o mercado tenta e vai conseguindo, a cada ano, emplacar a festa que antes só víamos nos cursinhos de inglês.
Acho válido, afinal a bruxa anda solta de verdade, não vivemos dias normais ou o normal é isso que não estou conseguindo me adaptar e aturar.
Sou de um tempo onde escolher uma fantasia para o carnaval, por exemplo, era muito divertido, cabia de tudo, fantasia de pirata, astronauta, rei, princesa, vaqueiro, índio, médico e policial, qualquer coisa. Até sair com máscara caricata de um político era engraçado.
Hoje não, qualquer fantasia pode ser um ato de ofensa e até mesmo uma injúria, como foi o caso do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren/SP), que repudiou a atriz Bruna Marquezine por uso de uma fantasia de enfermeira numa festa.
O Coren destacou em nota que “fantasias de enfermeira desvalorizam o profissionalismo da enfermagem e que a enfermagem é uma profissão e não uma fantasia…”
Só fico imaginando como seria a vida do pessoal do grupo norte-americano Village People hoje em dia, provavelmente nem existiria. O enorme sucesso que fizeram nas discotecas na década 70 fantasiados de bombeiro, índio, policial e encanador seria inimaginável com esse “mimimi” de agora.
Quem nunca se fantasiou de índio na vida, na infância? Não pode mais, é um crime!! Para a gestapo, do politicamente correto, se fantasiar de índio é uma ofensa, um desrespeito estereotipar as etnias massacradas em nossa história.
Colocar uma peruca afrodescendente estilo “black power” ou se fantasiar de “nega maluca” pode findar em processo por racismo, não duvidem! Muito complicado mesmo, escolher uma fantasia que seja reconhecida como “adequada”.
Bem, fui convidado para uma festa de “Halloween” e terei que escolher uma fantasia, antes penso em consultar um advogado para saber quais as opções disponíveis sem que eu corra o risco de ser processado.
Como a festa é de Halloween, vou logo procurar saber se há algum sindicato dos vampiros e dos lobisomens, que não me surpreenderia. Na dúvida não vou arriscar nada relativo à área médica por conta da pandemia.
Sim, bem que poderia ir fantasiado de Super Homem, mas como sou hétero, logo seria acusado de homofóbico por conta da polêmica com o jogador de vôlei Maurício Souza.
Quer saber mesmo, minha fantasia era esquecer que sou desse mundo, um mundo absolutamente chato e insuportável, onde somos vigiados com requintes de crueldade pela tirania do politicamente correto.
Com o incremento da inteligência artificial, todos nós somos bisbilhotados 24 horas pelas “Big Techs” e demais empresas de tecnologia sem nosso conhecimento e consentimento muitas vezes.
Acho que é isso, antes que eu vire mais um zumbi a perambular pelas ruas da insanidade humana, eu vou me fantasiar de alienígena e assim me divertir ao som do samba de Noel Rosa, sem risco de processo e lacração:
“Agora vou mudar minha conduta
Eu vou pra luta pois eu quero me aprumar
Vou tratar você com a força bruta
Pra poder me reabilitar
Pois esta vida não está sopa
E eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?” Noel Rosa.
Renato Cunha Lima é administrador de empresas, empresário e escritor
A turminha da LACRAÇÃO está tornando o mundo chato!!!