“A governadora do Estado ainda não pediu para sair do Consórcio Nordeste, não pediu para que devolvesse o dinheiro para o povo do Rio Grande do Norte. Do que ela tem medo? Tem o rabo preso aonde? A gente tem que olhar como um todo o que está acontecendo, para poder tentar compreender esse assunto. Eu estou estarrecido com as notícias, inclusive tem saído várias notícias nacionais em relação a esse tema [possíveis irregularidades envolvendo o Consórcio Nordeste]”. Foi com essa declaração que o ministro das Comunicações, Fábio Faria, questionou o motivo pelo qual a governadora Fátima Bezerra (PT), continua fazendo parte do Consórcio Nordeste, mesmo após o órgão ser apontado pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19, instalada na Assembleia Legislativa do RN, de ter cometido diversas irregularidades em contratos com empresas durante a pandemia do novo coronavírus. Em um dos contratos, inclusive o governo do Rio Grande do Norte repassou o valor de R$ 4.947.535,80 junto ao Consórcio Nordeste para a compra de 30 respiradores vendidos pela empresa Hempcare Pharma. A empresa recebeu o pagamento, mas não entregou os equipamentos ao Estado.
Fábio Faria afirmou: “Eu estou realmente escandalizado que esse assunto ficou só no âmbito do Rio Grande do Norte e o próprio presidente da CPI, Kelps Lima, disse que mais de 50% do dinheiro que vinha para [cá e depois destinado para] o Consórcio Nordeste seria fruto de propina”. E continua: “Tem uma secretária-adjunta [de Saúde] do governo do Estado [Maura Sobreira] que por probabilidade de desvios, frutos de corrupção foi exonerada”, explicou.
De acordo com o ministro Fábio Faria, que concedeu entrevista nesta terça-feira (26), ao programa “Meio dia RN” da Rádio 96 FM Natal, apresentado por Bruno Giovanni: “E é importante também que cobre da governadora o dinheiro que pertence ao contribuinte, ao povo do Rio Grande do Norte. E esse dinheiro tem que voltar para cá. Se ela [Fátima Bezerra] não tem o rabo preso, se ela não tem nada a temer, se ela não tem nada do Consórcio Nordeste, ela que peça para sair do Consórcio”. E cita o exemplo feito pelo governador de Alagoas: “Como foi feito o [governador] Renan Filho, em Alagoas, e pediu o dinheiro de volta para o povo de Alagoas. E aqui no Estado ela continua. Então, a gente precisa também de explicações aqui no Rio Grande do Norte”, cobrou.
Fábio Faria: “Eu só sou candidato ao Senado ou nada”
Ainda durante a entrevista, o ministro Fábio Faria deixou clara a sua intenção de concorrer a cadeira de senador da República nas eleições do ano que vem: “Ao Senado ou nada”.
Segundo o Fábio: “Eu sou pré-candidato ao senado. Já falei algumas vezes sobre isso, eu agora preciso colocar o 5G de pé, o Wi-Fi Brasil nas outras 14 mil escolas no restante do país, tem os projetos do ministério, tem os Correios que a gente está trabalhando, 99% do nosso tempo hoje é para trabalhar no ministério, mas é óbvio que sobra o final da noite, onde a gente conversa com as pessoas, tenho feito pesquisas qualitativas, conversado com o meu grupo político, tenho tentado entender o que o povo está achando do meu trabalho. Se realmente eles acham que eu posso ajudar”, disse.
Questionado sobre a afirmação de que o ministro será candidato ao cargo que o presidente Jair Bolsonaro quiser, Fábio explicou: “Eu só sou candidato ao Senado ou nada. Ai se ele não quiser que eu seja candidato, tem o direito de falar para mim. Eu falo que deputado federal eu já cumpri a minha missão, e governador no momento não. Eu estou bem forte em Brasília e acredito que é lá que eu consigo ajudar”, enfatizou.
O ministro classificou a bancada de senadores do Estado de forma negativa: “A gente tem hoje um Senado federal muito fraco. A bancada do Rio Grande do Norte é muito fraca. A gente precisa de um senador que traga recursos para o Estado, um senador que saia do Brasil e vá em busca de investidores para o Estado. Nós temos um Estado brilhante, praias bonitas e a gente não pensa fora da caixinha. Eu acredito que devido a essa experiência que eu tive, esses 15 anos como deputado federal, me credenciam a pleitear isso”, destacou.
Confrontado sobre a informação de que o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, lançou publicamente a sua pré-candidatura ao Senado Federal, Fabio ponderou: “Eu espero que a gente consiga ter um entendimento, até para a candidatura ao governo, porque a gente tem um inimigo em comum, que é a governadora Fátima. A gente precisa unir o centro-direita no Estado. Por mim, a gente continua dialogando. Eu posso falar que a minha relação com Marinho hoje é muito boa, a gente até teve uma conversa bastante produtiva em relação a isso. Ele está buscando o espeço dele e eu o meu. E espero que lá na frente a gente consiga formar uma chapa, para que a gente possa libertar o Rio Grande do Norte”, declarou.