Investigações da Polícia Federal sobre a suposta vacinação contra Covid-19 feita por uma falsa enfermeira em Belo Horizonte concluíram que quem tomou a substância aplicada pela mulher caiu em um golpe.
Empresários da cidade chegaram a pagar R$ 600 por duas doses do que a falsa enfermeira, identificada como Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas, afirmava ser vacina uma contra a doença.
O relatório da PF sobre o caso está praticamente pronto, de acordo com autoridades próximas às investigações.
Para os policiais, o mais provável é que as pessoas receberam soro fisiológico no lugar de vacina. Frascos com a substância foram encontrados durante uma operação de busca feita na casa de Cláudia.
A conclusão das investigações será enviada para a Justiça estadual, responsável pelo processo desde de julho.
Antes disso, o caso estava na Justiça Federal, mas o MPF pediu a transferência porque concluiu que não houve nenhum crime federal na ação. Uma das suspeitas, por exemplo, era que a falsa enfermeira teria importado irregularmente vacinas contra a doença, o que não foi confirmado.
O esquema da suposta vacinação contra Covid-19 em Belo Horizonte foi publicado inicialmente pela revista Piauí em março.
Imagens feitas no dia 23 daquele mês por vizinhos de uma garagem de uma empresa de ônibus no bairro Caiçara, na região noroeste de Belo Horizonte, mostravam uma mulher de jaleco branco aplicando injeções em pessoas que estavam dentro de carros.
As investigações da PF mostraram que empresários do setor de transporte de passageiros e seus familiares estavam entre os que receberam a falsa vacina.
Imagens que constam no processo mostram que a falsa enfermeira fez as aplicações em condomínios nobres de Belo Horizonte e Nova Lima, na região metropolitana da capital mineira.
Declarações de Cláudia à Polícia Federal indicaram que ela tentou também aplicar o golpe também em integrantes do TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais).
Além da própria Cláudia, familiares seus também participaram do esquema. O filho dela, Igor Torres, fazia contatos por mensagens em WhatsApp apresentando a mãe como enfermeira e oferecendo o que seria a vacina contra a Covid-19.
Igor afirmava que a mãe era uma profissional experiente no setor e que já havia trabalhado para empresas que atuavam na área.
À época o imunizante contra a Covid-19 ainda não estava sendo distribuído em larga escala pelo país. Os envolvidos foram indiciados por associação criminosa e falsificação, ainda no início das investigações. Cláudia chegou a ser presa no dia 30 de março. Conseguiu habeas corpus e deixou a prisão em 3 de abril.
O advogado da família, Bruno Agostini, afirmou que ainda não teve acesso ao relatório da PF e que vai esperar ver o documento para se posicionar sobre a conclusão das investigações.
FolhaPress