Foto: Jonas Pereira/Agência Senado
O Congresso aprovou nesta semana a LDO de 2026 em um raro momento de sintonia com o governo federal, mesmo após semanas de tensão entre os Poderes. A liberação antecipada de R$ 13 bilhões em emendas — com pagamentos garantidos até três meses antes da eleição — acelerou a votação e funcionou como ponto de convergência entre Planalto e parlamentares. A aprovação ocorreu ainda na primeira semana de dezembro, muito antes do tradicional corre-corre pré-recesso.
Especialistas ouvidos pela CNN apontam que a rapidez não indica pacificação, mas um acordo pontual motivado pela disputa eleitoral do ano que vem. Para o cientista político Leandro Gabiati, tanto governo quanto Congresso tinham interesse direto em fechar as diretrizes agora: o Planalto assegura previsibilidade para 2026, enquanto deputados e senadores garantem o abastecimento de suas bases eleitorais. A avaliação é de que a própria LOA também deve ser concluída ainda em dezembro.
Apesar do avanço do texto, analistas descartam qualquer melhora estrutural na relação entre Executivo e Legislativo. Gabiati e Christian Lynch, da Uerj, afirmam que o clima segue de desconfiança e distanciamento, com diálogo apenas no nível mínimo necessário para evitar rupturas institucionais. O episódio recente envolvendo a indicação de Jorge Messias ao STF e os atritos na Câmara durante o debate do PL Antifacção continuam pesando sobre o ambiente político.
Para o professor Ricardo Caldas, da UnB, a aprovação rápida da LDO representou mais perdas do que ganhos para a oposição e para as cúpulas do Congresso. Segundo ele, tanto Hugo Motta quanto Davi Alcolumbre abriram mão de usar o orçamento como mecanismo de pressão — seja para contrapor o governo, seja para avançar pautas como a anistia aos presos de 8 de janeiro. Com o Congresso esvaziando nos próximos dias, dificilmente haverá nova oportunidade de barganha neste fim de ano.
Com informações da CNN



