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O RN desperdiçou 21% da energia eólica e solar que produziu em 2025. Isso mesmo: enquanto o estado lidera o país em geração de energia renovável, 6.897 GWh foram literalmente jogados fora nos primeiros nove meses do ano, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgados pelo Novo Notícias. O termo técnico é “curtailment”, mas pode chamar de desperdício, falha estrutural e política em um só pacote.
O problema é claro: a rede elétrica não aguenta o crescimento da geração limpa. Entre 2022 e 2025, mais de 65% dos cortes ocorreram por falhas elétricas. Especialistas alertam: sem infraestrutura adequada, projetos ficam ameaçados e toda a cadeia de energia renovável na região Nordeste sofre.
O presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE), Darlan Santos, explicou que o Nordeste precisa deixar de ser só gerador e virar também consumidor inteligente de energia limpa, atraindo indústrias e investimento.
Para tentar frear o caos, o recente Leilão de Transmissão 4/2025 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), do último dia 31 de outubro, promete R$ 805 milhões em obras no RN, gerando 2.299 empregos e reforçando a rede com subestações estratégicas, como a 500 kV Açu III e João Câmara III. Mas, para especialistas, é um remendo tardio diante de tanto desperdício e da insegurança jurídica que ameaça investimentos.
O paradoxo do RN é cruel: líder em energia eólica, com 412 empreendimentos e 12,2 GW de potência instalada, o estado vê sua “riqueza limpa” escorrer pelo ralo. Enquanto isso, o resto do Brasil avança com integração e consumo estratégico, e governadores e presidentes parecem apenas assistir o prejuízo crescer.




