Lula reduz número de entrevistas no 1º semestre de 2025

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu 16 entrevistas exclusivas no 1º semestre de 2025. Foram 5 a menos que no mesmo período de 2024, quando fez 21 aparições na mídia.

Os dados são de levantamento realizado pelo Poder360, de 1º de janeiro a 30 de junho de 2025, com base nas agendas de compromissos divulgadas pelo Palácio do Planalto e na divulgação das entrevistas pela mídia.

Neste período, Lula concentrou suas falas em rádios locais (5) e sites de notícias regionais (8), com foco no Norte, Nordeste e Sudeste. O maior número de entrevistas ocorreu em Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Amapá. Todas as entrevistas concedidas às rádios foram retransmitidas no canal oficial do presidente no YouTube.

A última entrevista registrada no período foi ao podcast Mano a Mano, do rapper Mano Brown, publicada em 19 de junho.

Foto: Poder 360

MUDANÇA NA COMUNICAÇÃO

Ao todo, Lula concedeu 85 entrevistas em 2 anos e meio de mandato, com uma estratégia de comunicação mais segmentada. A Globo, que liderava entre os grandes grupos de mídia nos 2 primeiros anos de gestão, não recebeu nenhuma entrevista no 1º semestre de 2025.

Foto: Poder 360

Em 2024, no mesmo período, o petista havia falado mais vezes a rádios (8), jornais (8) e canais de TV (5). Mas a agenda de comunicação do presidente em 2025 ampliou o alcance geográfico, com entrevistas em 10 Estados –2 a mais do que no 1º semestre do ano passado.

A escolha dos formatos e dos interlocutores mostra uma estratégia de exposição mais seletiva. Em 2025, Lula não deu mais de uma entrevista a nenhum veículo. Mas, assim como no 1º semestre de 2024, falou às rádios Itatiaia e Rádio Metrópole e ao jornal A Tarde, de Minas Gerais e Bahia, respectivamente. Ou seja, reforçou a sua presença em redutos eleitorais importantes.

Também chama atenção a redução da presença em emissoras de televisão. No 1º semestre de 2025, o petista falou apenas à Record, de Santos (SP). Em 2024, no mesmo período, foram 5 entrevistas televisivas.

Agora, começou o 2º semestre com Record e Globo, falando do tarifaço que Donald Trump (republicano) anunciou para produtos brasileiros.

A redução no número de entrevistas se deu junto com mudanças na condução da comunicação do governo. Em janeiro, Sidônio Palmeira assumiu o comando da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), substituindo o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS). A movimentação também representou uma ruptura na influência exercida por Janja na comunicação do Planalto.

A gestão de Pimenta foi marcada por atritos internos, cobrança por resultados e travas na execução da verba publicitária. O ex-ministro defendia mais visibilidade para as entregas do governo e admitiu que Lula precisava de uma “sacudida” na estratégia de comunicação.

Durante sua gestão, o foco esteve em agendas regionais, rádios locais e comunicação tradicional –com Lula atuando de forma mais descentralizada. Pimenta apontou a recuperação da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) como um dos seus principais legados.

Já Palmeira, publicitário de perfil discreto, chegou com a missão de reposicionar a imagem de Lula e ampliar sua popularidade.

Considerado próximo ao presidente e responsável pelo marketing da campanha de 2022, ele prometeu centralidade em torno da figura de Lula: “O presidente será o motor da comunicação”, disse.

Sob sua influência, o PT lançou campanhas com linguagem mais direta e polarizada, como o mote “Ricos x Pobres”, que defende a taxação de “bilionários, bancos e bets” –apelidada de “taxação BBB”. O partido também promoveu encontros com influenciadores digitais para amplificar a pauta nas redes sociais.

Parece que funcionou –o mote chegou nas ruas. Na mesma semana em que Jair Bolsonaro (PL) fez o seu 2º ato mais vazio, militantes de esquerda ocuparam o prédio Faria Lima 3500, sede do Itaú BBA, em São Paulo. Eles carregaram faixas com mensagens como: “Taxação dos super ricos já!”. Apesar disso, afirmaram que o ato não tinha vinculação com o governo.

Com Sidônio, o Planalto intensifica a disputa simbólica, mas a prática mostra certa contenção. A escassez de entrevistas na mídia tradicional no 1º semestre é a prova disso. O discurso do governo subiu o tom –mas a aposta, por ora, não parece ser a superexposição. A presença de Lula segue dosada. E o alcance, mais restrito.

Deu no Poder 360

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