Foto: Carlos Moura/Agência Senado
Começa neste domingo (6), no Rio de Janeiro, a Cúpula do Brics, com acordo já firmado na véspera para a declaração final. Sob a presidência brasileira, o texto será submetido aos líderes, que vão se reunir no Museu de Arte Moderna até segunda-feira (7).
Os países do Brics conseguiram superar o impasse provocado pelo Irã e alcançaram consenso sobre condenação a ataques militares, reforma da ONU (Organização das Nações Unidas) e protecionismo comercial, apurou a CNN.
O ponto mais problemático para a costura da declaração final era a exigência de Teerã em endurecer os termos de uma nota conjunta, divulgada pelo Brics há duas semanas, condenando os ataques dos Estados Unidos e de Israel a alvos militares e instalações nucleares iranianas.
Na noite de sexta-feira (4), negociadores demonstravam preocupação com o risco de uma trava para o comunicado final da cúpula, já que discordavam quanto à linguagem usada.
De acordo com fontes, o Egito e a Etiópia também aceitaram apoiar uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, um item considerado imprescindível pelo Brasil — junto com Índia e África do Sul. Os dois africanos manifestavam ressalvas.
Os países do Brics teriam concordado, ainda, em expressar “sérias preocupações” com medidas unilaterais de aumento das tarifas — uma referência óbvio à guerra comercial deflagrada por Donald Trump, embora sem menção direta aos Estados Unidos.
Lula alerta para vácuo de lideranças
A agenda com foco na integração econômica entre os membros do Brics foi destaque no sábado (5), em reuniões que antecedem a Cúpula de líderes.
Ao discursar na abertura do Fórum Empresarial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o “vácuo de liderança agrava as múltiplas crises enfrentadas por nossas sociedades”.
“O vínculo entre paz e desenvolvimento é evidente. Não haverá prosperidade em um mundo conflagrado. O fim das guerras e dos conflitos que se acumulam é uma das responsabilidades de chefes de Estado e de governo. É patente que o vácuo de liderança agrava as múltiplas crises enfrentadas por nossas sociedades”, disse Lula.
“Estou certo de que este fórum e a Cúpula do Brics, que se inicia amanhã, aportarão soluções. Ao invés de barreiras, promovemos integração. Contra a indiferença, construímos solidariedade”, acrescentou o presidente.
Taxação global de “super-ricos”
Os países-membros do Brics declararam apoio formal às negociações da Convenção Tributária da ONU, com uma referência à taxação de “super-ricos”, em uma agenda defendida pelo Brasil desde a presidência do G20 no ano passado.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou neste sábado a obtenção de um consenso entre países do grupo.
“Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo – uma condição para que os super-ricos do mundo todo finalmente paguem sua justa contribuição em impostos”, afirmou Haddad.
Deu na CNN