Eleições internas do PT têm rachas em 18 estados em disputas por 2026

Foto: Zeca Ribeiro e Roberto Casimiro

A menos de dois meses para suas eleições internas, o PT enfrenta impasses sobre quem comandará os diretórios regionais a partir de julho. Além da disputa pela direção nacional, para a qual o ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, se consolida como favorito, os petistas vivem um cenário de divisão mais acentuada em pelo menos 18 estados. O pano de fundo dessas disputas é a montagem das chapas para as eleições de 2026, com foco nas candidaturas ao Senado e aos governos estaduais.

Com o prazo de inscrição das chapas no Processo de Eleição Direta (PED) encerrado, os rachas se consolidaram. As disputas estaduais têm de dois a sete candidatos.

“Quem controla essa máquina, controla a política no estado. (O posto) é disputado porque significa poder e influência na escolha dos candidatos”, explica o cientista político Paulo Baía, da UFRJ.

No Paraná, o deputado estadual Arilson Chiorato, aliado de Gleisi Hoffmann, ministra de Relações Relações Institucionais e ex-presidente nacional do PT, tenta se manter no cargo. Sua permanência favorecia uma candidatura da ministra ao Senado. Seu principal obstáculo, no entanto, é o deputado federal Zeca Dirceu, que quer presidir o partido e ser senador.

“Tem zero chance de composição, apesar de que eu aceitaria abrir mão caso houvesse um terceiro nome na CNB (a corrente majoritária), mas Arilson não topa. Não pode ficar como está. O resultado de 2024 foi horrível, faltou presidente”, disse Zeca Dirceu.

Já no Ceará, o embate remonta às disputas internas das eleições municipais de Fortaleza, quando a deputada federal Luizianne Lins foi preterida em favor do atual prefeito, Evandro Leitão. Os grupos dos dois voltam a se enfrentar, agora com Evandro na retaguarda. Quem tomou as rédeas das negociações desta vez foram o governador Elmano de Freitas e o deputado José Guimarães, que defendem a permanência de Antônio Filho no diretório estadual. Luizianne, em contrapartida, lançou a vereadora de Fortaleza Adriana Almeida. O impasse adianta a disputa por uma vaga no Senado entre Luizianne e Guimarães.

Vagas ao Senado

Na Bahia, a disputa também envolve o Congresso Nacional. De um lado, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, apadrinhou Jonas Paulo. Do outro, o senador Jaques Wagner apoia o secretário de Finanças do PT no estado, Tássio Brito. Em 2026, Wagner deve concorrer à reeleição, e Rui Costa é dado como certo na disputa por uma vaga. A base do governador Jerônimo Rodrigues, no entanto, inclui outros partidos, que querem espaço na nominata. Parte do PT defende uma chapa puro-sangue, mas essa possibilidade é vista como pouco provável, e Wagner poderia acabar sendo rifado.

Pernambuco e Mato Grosso do Sul também enfrentam dilemas sobre as alianças em 2026. No PT pernambucano, houve tentativa de unir os grupos dos senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, mas o acordo não saiu. A falta de entendimento na CNB levou Teresa a lançar seu próprio candidato: o ex-presidente da CUT Messias Melo. Caso seja eleito, a tendência é que o partido se aproxime do prefeito do Recife, João Campos (PSB).

Humberto Costa, aliado da governadora Raquel Lyra (PSD), indicou dois nomes: o secretário-geral da sigla, Sérgio Goiana, e a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado. O resultado pode indicar o posicionamento do PT no próximo pleito. Hoje, a ala municipal tem secretarias na gestão de Campos, e a estadual está na base de Lyra na Assembleia.

No caso de Mato Grosso do Sul, o impasse gira em torno da manutenção do apoio ao governador Eduardo Riedel (PSDB). A disputa coloca em caminhos opostos o deputado federal Vander Loubet e Humberto Amaducci. Este último se posiciona contra a continuidade da aliança entre o PT e os tucanos. Recentemente, petistas passaram a cogitar o rompimento com Riedel, que tem feito acenos à direita, como a defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

No Rio, o vice-presidente nacional do PT e prefeito de Maricá, Washington Quaquá, lançou na semana passada seu filho, Diego Zeidan, à presidência estadual do partido. Na ocasião, afirmou que a sigla deve pleitear uma vaga de vice na chapa à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD), que tem demonstrado irritação com o PT por falta de apoio em votações na Câmara Municipal. Como resistência a Quaquá, aliados dos deputados federais Benedita da Silva e Lindbergh Farias se reúnem em torno do também parlamentar Reimont, que adota uma postura mais cautelosa:

“Não vamos antecipar onde estaremos. Se formos de Paes, queremos discutir programa, segurança pública.”

Já a principal disputa em São Paulo se dá entre os deputados federal Kiko Celeguim e estadual Antonio Donato.

Informações de O Globo

Deixe um comentário

Rolar para cima