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O aceite final israelense à proposta foi concluído após duas votações realizadas nesta sexta-feira, primeiro no Gabinete de Segurança, um órgão restrito com apenas 11 integrantes, e depois no Gabinete de Governo, que inclui todos os 33 ministros do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Segundo a imprensa israelense, 24 ministros votaram a favor e oito foram contrários ao acordo. A maioria dos ministros que votaram contra o acordo pertence a dois partidos de extrema direita que eram contra o acordo.
O acordo ainda poderá ser contestado por via judicial por iniciativas civis, mas a expectativa é de que não se crie nenhum problema para a troca dos reféns.
O Gabinete do premier afirmou que a aprovação pelo organismo de segurança foi concluída “após examinar todos os aspectos diplomáticos, de segurança e humanitários” do acordo. A conclusão do órgão, ainda segundo a equipe de Netanyahu, foi de que o acordo “favorece a realização dos objetivos da guerra”.
A primeira aprovação provocou reações diversas dentro do espectro político israelense. O presidente Isaac Herzog acolheu a decisão do Gabinete de Segurança como “um passo vital” e disse que esperava que o governo “faça o mesmo em breve”. Em sentido oposto, o ministro da Segurança Interna, Itamar Ben-Gvir, fez um último apelo para que os membros do Gabinete de Governo votassem contra o acordo — principal representante da ala mais radical da coalizão de Netanyahu, Ben-Gvir afirma que a troca aprovada irá devolver “terroristas” ao território palestino, e ameaçou deixar o governo caso os termos fossem aprovados.
O primeiro-ministro do Catar descreveu o acordo e a libertação dos reféns como “a última chance de Gaza”. Em entrevista à rede Sky News, o xeque Mohammed bin Abdulrahman al-Thani defendeu a criação de um Estado palestino como um meio para a paz e disse que o “fracasso não é uma opção”. O premier catari também elogiou a atuação de Donald Trump, que assumirá a Presidência dos EUA na segunda-feira, afirmando que sua gestão pode “criar um impacto maior” no Oriente Médio.
A formalização do acordo avançou nesta sexta-feira, um dia após um impasse travar o processo de aprovação pelo lado israelense. O Gabinete de Netanyahu acusou o Hamas de tentar incluir novas exigências nos termos na quinta-feira, um dia após o anúncio oficial de que tanto palestinos quanto israelenses haviam concordado com uma mesma proposta. O grupo palestino rejeitou as acusações, mas o imbróglio atrasou a validação do recurso em um dia.
Em meio ao impasse, equipes de negociadores e mediadores internacionais continuaram as tratativas no Catar, com as partes internacionais envolvidas na conversa expressando otimismo com o desfecho positivo para a frente diplomática. Na manhã desta sexta (início de madrugada no Brasil), o Gabinete de Netanyahu confirmou que as desavenças haviam sido superadas e que o Gabinete de Segurança seria convocado para a aprovação do texto.
Deu no O Globo