Foto: Alex Ferro/COP30
A COP30 inicia sua segunda semana em Belém ainda distante das metas de financiamento climático defendidas pela presidência brasileira. Até agora, governos e instituições anunciaram cerca de US$ 300 bilhões — o equivalente a apenas 23% do montante considerado necessário para sustentar ações globais na próxima década. O cenário expõe o impasse entre nações ricas e países em desenvolvimento, especialmente porque os maiores aportes ainda não vieram de Estados, mas de bancos multilaterais.
Dez grandes bancos de desenvolvimento surgem como os principais responsáveis por alimentar o caixa da conferência neste momento, reunindo a promessa de aproximadamente R$ 1,6 trilhão em recursos até 2030. Desse total, US$ 185 bilhões devem ser direcionados a países em desenvolvimento, incluindo nações que abrigam florestas tropicais. Para essa parcela, os próprios bancos devem aportar US$ 120 bilhões, enquanto outros US$ 65 bilhões deverão ser atraídos do mercado privado por meio de operações estruturadas.
As economias desenvolvidas também estão no radar das instituições multilaterais, que anunciaram mais US$ 115 bilhões para esse grupo. A divisão prevê US$ 50 bilhões saindo diretamente dos bancos e o restante sendo captado junto ao setor privado. O movimento reforça a tentativa das entidades de puxar investidores para o financiamento climático por meio de instrumentos inovadores, como títulos de adaptação, certificados sustentáveis compatíveis com regras islâmicas e novos mecanismos de garantia e mitigação de riscos.
Apesar das cifras, representantes dos bancos defendem que a transição verde não depende apenas de dinheiro, mas de estratégia. Para eles, a aplicação dos recursos precisa priorizar regiões e populações em maior vulnerabilidade — como pequenos Estados insulares ameaçados pelo avanço do nível do mar. Sem que os países mais ricos assumam compromissos mais robustos, a conferência entra na reta final ainda pressionada por lacunas financeiras e pela necessidade de fechar acordos até o fim dos trabalhos.
Com informações da CNN Brasil




