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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em discurso no parlamento israelense, o Knesset, nesta segunda-feira, 13, que o acordo avançado por ele entre Israel e o Hamas para encerrar o conflito em Gaza não marca apenas o fim de uma guerra, “mas da era do terror e da morte”. A declaração veio horas após o Hamas libertar os últimos vinte reféns vivos que passaram mais de dois anos em cativeiro em Gaza, como parte de um cessar-fogo avançado pelo líder republicano.
Ao entrar no Knesset, o líder republicano foi aplaudido de pé enquanto era recebido por uma sinfonia de trompetes. Na plateia, alguns usavam bonés vermelhos no mesmo estilo dos tradicionais modelos MAGA (Make America Great Again), com as palavras “TRUMP, O PRESIDENTE DA PAZ”. Antes do início do pronunciamento, a multidão gritava seu nome em uníssono: “Trump! Trump! Trump!”
O presidente do Knesset, Amir Ohana, chamou-o de “um gigante da história judaica” que será lembrado pelo povo judeu por “milhares de anos”. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que ele é “o maior amigo que o Estado de Israel já teve na história” e que seu nome ficará “gravado em nossa história” e na história da “humanidade”.
Trump, que não é conhecido por referências bíblicas, começou o discurso dizendo que, após o retorno dos reféns, nós “damos nossos mais profundos agradecimentos ao Deus Todo-Poderoso de Abraão, Isaque e Jacó”.
“Este não é apenas o fim de uma guerra. Este é o fim de uma era de terror e morte e o início de uma era de fé, esperança e Deus. É o início de uma grande concórdia e harmonia duradoura para Israel e todas as nações do que em breve será uma região verdadeiramente magnífica. Acredito nisso com muita convicção. Este é o alvorecer histórico de um novo Oriente Médio”, declarou.
O ocupante da Casa Branca também não é conhecido por distribuir agradecimentos a aliados e parceiros, mas expressou gratidão “por todas as nações do mundo árabe e muçulmano que se uniram para pressionar o Hamas” a aceitar o acordo de cessar-fogo. Ele também fez uma breve homenagem a Netanyahu, chamando-o de seu “parceiro” e acrescentando: “Ele não é o cara mais fácil de lidar, mas é isso que o torna ótimo”.
Segundo ele, as armas que os Estados Unidos compartilharam com Israel durante a guerra “tornaram o país forte” e “foi isso que levou à paz”. O republicano argumentou ainda que, se as Forças Armadas americanas não tivessem realizado ataques contra o Irã para destruir as três principais instalações nucleares do país em junho deste ano, o acordo para a paz em Gaza não teria sido possível, uma vez que isso facilitou a pressão de Estados árabes sobre o Hamas, um proxy iraniano.
“Tiramos uma grande nuvem cinzenta que pairava sobre o Oriente Médio e Israel”, disse ele.
“Fim da guerra”
Mais cedo nesta segunda-feira, enquanto Trump caminhava por um corredor no Knesset, um repórter perguntou se a guerra havia oficialmente terminado. “Sim, no que me diz respeito, sim”, respondeu ele.
“Este é um dia maravilhoso. Um novo começo. Acho que nunca houve um evento como este. Nunca vi nada parecido”, declarou o presidente americano. “Estamos muito felizes que os reféns tenham sido libertados e que eles serão felizes e terão vidas maravilhosas. Eles foram heróis. A situação deles vai melhorar. A guerra acabou”, completou.
Mas o acordo de cessar-fogo deixou muitas questões pendentes sobre o que vai acontecer a seguir em Gaza, incluindo se o Hamas concordará com a exigência do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e entregar suas armas. No Knesset, Trump disse a repórteres que o grupo vai se desarmar, segundo a agência de notícias Reuters.
Muitas dessas questões devem ser abordadas em uma cúpula sobre o acordo de cessar-fogo no Egito, da qual Trump e outros líderes mundiais participariam ainda nesta segunda-feira. O governo egípcio havia anunciado que Netanyahu e Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, também estariam presentes. O gabinete do premiê israelense, porém, recuou do sim inicial e disse que Bibi não poderá participar por causa do feriado judaico de Simchat Torá, que começa na segunda-feira à noite.
Embora Netanyahu não seja religioso, é costume que o primeiro-ministro israelense não viaje em feriados judaicos. Coalizões governamentais ruíram no passado devido a tensões entre religiosos e seculares, e Netanyahu conta com o apoio de aliados políticos ultraortodoxos para manter-se no poder. A cúpula também poderia ter sido politicamente arriscada para ele, visto que teria que se encontrar com Abbas. A direita israelense frequentemente critica o presidente da Autoridade Palestina, o governo parcial da Cisjordânia, por considerá-lo pouco superior ao Hamas.
Mesmo assim, tanto em Israel quanto em Gaza, o cessar-fogo e o início do diálogo na segunda-feira trouxeram alívio e muita comemoração após dois anos devastadores de guerra.
VEJA
Esse texto foi copiado do Blog do Gustavo Negreiros. Para ter acesso completo a matéria acesse gustavonegreiros.com.br