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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou claro nesta segunda-feira (13) que não pretende usar cotas raciais ou de gênero na escolha do próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que vai substituir Luís Roberto Barroso, após sua aposentadoria antecipada.
Em entrevista a jornalistas em Roma, Lula afirmou que não busca um ministro negro, nem uma mulher, e sim alguém “gabaritado” para o cargo. “Eu quero uma pessoa, não sei se mulher ou homem, não sei se preto ou branco. Eu quero uma pessoa que seja antes de tudo gabaritada para ser ministro da Suprema Corte. Eu não quero um amigo, eu quero um ministro que terá como função cumprir a Constituição brasileira”, disse.
A fala contrasta com o discurso de setores do próprio governo e da esquerda, que pressionavam o presidente a indicar uma mulher negra para o Supremo — o que seria um gesto de “diversidade”. Lula, no entanto, optou por ignorar a agenda identitária e reforçou que sua prioridade será a lealdade institucional e o perfil técnico.
Barroso, indicado por Dilma Rousseff (PT) em 2013, deixa o STF aos 67 anos, antes da aposentadoria compulsória. Com a nova vaga aberta, Lula poderá indicar seu terceiro ministro nesta gestão — após Cristiano Zanin e Flávio Dino —, reforçando sua influência na Corte.
A escolha do novo nome passará por sabatina no Senado, onde o indicado precisará da aprovação da maioria dos parlamentares. A fala de Lula é vista como um recado claro: as cotas e as pautas identitárias podem até ser bandeiras do PT no discurso, mas não quando se trata de poder real.
Blog do Gustavo Negreiros