Inácio Cavalcante Melo é presidente do Serviço Geológico do Brasil, estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia. | Foto: Reprodução
Filhos de Inácio Cavalcante Melo, presidente do Serviço Geológico do Brasil (SGB) – estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia – tiveram hospedagem em hotéis de luxo em Florianópolis (SC) e Maceió (AL) paga com dinheiro público. As viagens ocorreram na companhia do próprio dirigente, e as notas fiscais detalham consumo de camarão flambado, brownies e outras refeições caras, conforme publicado pelo colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles. Melo foi indicado para o cargo pela senadora Eliziane Gama (PSD), à época sua esposa.
Em Florianópolis, uma suíte executiva do BT Florianópolis Hotéis Ltda. teve diária de R$ 3.667, somada a taxa de hospedagem de R$ 91,66. A estadia, entre 13 e 16 de janeiro de 2025, totalizou R$ 3.758,68. Já em Maceió, o Hotel Brisa Suítes, na praia de Pajuçara, registrou diárias de R$ 4.665 entre 16 e 20 de janeiro, incluindo Melo e dois filhos como hóspedes.
O extrato do hotel em Maceió detalha consumo extra de R$ 865,70, com refeições no restaurante, pedidos de quarto e itens do frigobar. Entre os gastos, estão camarão flambado (R$ 139,80), brownies de chocolate (R$ 71,80), hambúrgueres, batata frita, sucos, energéticos, pudim e chocolates. Além das diárias, foram cobradas taxas turísticas e consumo no bar da piscina.
As notas fiscais emitidas pelas prefeituras de Florianópolis e Maceió confirmam o uso de recursos públicos para custear hospedagem e despesas dos familiares do presidente do SGB.
Versão da estatal
Questionado pela coluna via Lei de Acesso à Informação, o SGB afirmou que “as notas fiscais mencionadas foram equivocadamente emitidas em nome de terceira pessoa”. O órgão disse que tentou retificar os documentos, mas não foi possível devido ao tempo decorrido, e que Melo optou pelo recolhimento dos valores aos cofres públicos.
A assessoria do SGB acrescentou que Melo esteve em deslocamento institucional em Porto Alegre, Florianópolis e Maceió entre 10 e 20 de janeiro, cumprindo agendas de trabalho voltadas ao atendimento de demandas internas. O órgão destacou que pauta sua atuação pelos princípios da probidade, responsabilidade e transparência no uso dos recursos públicos.
Pressão antes da nomeação
A indicação de Melo à presidência do SGB enfrentou resistência interna. Três entidades que representam servidores pediram ao governo a rejeição do nome, apontando “desqualificação” para o cargo. O ofício citava falta de formação em geociências, processos por crimes ambientais, uso de documentos falsos, sonegação de tributos e denúncias de agressão à primeira ex-esposa.
Segundo as entidades, Melo é formado em administração e não possui experiência ou conhecimento técnico em geociências ou no setor mineral. Em 2021, ele chegou a ter prisão decretada pela Justiça do Maranhão por não pagamento de R$ 560 mil em pensão alimentícia ao filho do primeiro casamento.