Foto: Gabriel Paiva/Arquivo
A deputada Luizianne Lins (PT-CE) passou neste domingo por audiência judicial em Israel, após ser detida durante uma flotilha humanitária que levava alimentos e medicamentos à Faixa de Gaza. Com o encerramento dessa etapa, as autoridades israelenses poderão iniciar o processo de deportação da parlamentar e dos demais estrangeiros presos na operação. Ainda não há, porém, definição sobre prazos ou condições para o retorno.
Luizianne está detida na prisão de Ketziot, no deserto de Negev, junto a outros integrantes da delegação brasileira. Segundo a coordenação da missão, o grupo enfrenta condições precárias, com falta de água, alimentação e medicamentos, além de relatos de agressões físicas e pressão psicológica.
No sábado, a deputada havia se recusado a assinar o documento de deportação imediata oferecido pelas autoridades locais. De acordo com sua advogada, ela considerou o termo abusivo e decidiu permanecer sob custódia em solidariedade aos demais brasileiros que também rejeitaram o procedimento acelerado.
Desde a detenção, o Itamaraty tem acompanhado o caso por meio da embaixada em Tel Aviv e mantém interlocução direta com as autoridades israelenses. A pasta afirmou que a ação de Israel viola direitos e coloca em risco a integridade de manifestantes em missão pacífica. O governo brasileiro reiterou ainda o apelo pelo levantamento imediato das restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza.
O episódio também mobilizou o Congresso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), acionou o Itamaraty e pediu atenção especial ao caso, defendendo que as prerrogativas parlamentares de Luizianne e os direitos humanitários da delegação sejam plenamente respeitados.
— Estamos acompanhando com preocupação a situação que ela está passando no momento. Seguiremos hoje mobilizados para dar o apoio necessário para que ela retome sua viagem. Naquilo que pudermos apoiá-la, daremos total empenho nessa missão. Temos buscado seus assessores para entender o que ela está precisando — disse Motta, na quinta-feira.
Em nota, a assessoria da deputada classificou as detenções como ilegais e cobrou a libertação imediata da delegação brasileira. “Nenhuma ação solidária e amparada pelo direito internacional pode ser tratada como crime”, diz o texto, que também agradece as manifestações de apoio no Brasil e no exterior.
O Globo