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Os brasileiros reduziram o consumo de café e passaram a escolher as marcas mais baratas da prateleira para enfrentar a disparada dos preços nos últimos meses, segundo uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (29).
O levantamento, que ouviu 4.200 pessoas em setembro de 2025, indicou que 96% dos brasileiros tomam café todos os dias. Muitos, no entanto, mudaram seus hábitos devido ao aumento dos preços:
24% diminuíram o consumo da bebida neste ano;
39% dizem escolher a marca mais barata que está na prateleira. Em 2019, eram 7%.
A pesquisa foi feita pelo Instituto Axxus a pedido da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e indica, a cada dois anos, os hábitos e preferências dos consumidores. Ela é realizada desde 2019.
O impacto no consumo
Segundo a Abic e os pesquisadores, a mudança de hábitos está ligada diretamente ao aumento dos preços, provocado por problemas climáticos e outros fatores globais e locais (veja mais abaixo).
O índice de brasileiros que diminuíram o consumo de café no ano (24%) foi o maior já registrado e superou, pela primeira vez, o número daqueles que aumentaram o consumo (apenas 2%).
O critério de compra também mudou. Antes, os consumidores escolhiam entre suas marcas favoritas e, dentro delas, optavam pela de menor preço.
Em 2025, no entanto, a maioria (39%) diz que está comprando a marca mais barata da prateleira – em 2019, eram 7%.
A taxa de brasileiros que consomem café diariamente (96%) segue estável em relação às duas pesquisas anteriores. Quase metade (44%) toma entre três e cinco xícaras de 50 ml todos os dias.
Metodologia
A pesquisa do Instituto Axxus entrevistou presencialmente 4.200 pessoas em todas as regiões do país, em setembro de 2025. A margem de erro é dois pontos percentuais, e o nível de confiança, de 99%.
Entenda porque o preço do café disparou
Dados mais recentes da Abic, de agosto de 2025, mostram que o quilo do café está custando R$ 62,83. É quase o dobro em relação a dois anos atrás, quando o valor nas prateleiras era de R$ 32,40.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) aponta que o valor da bebida já subiu 60,85% nos últimos 12 meses, apesar de ter caído em julho e agosto.
Além disso, os preços devem voltar a subir cerca de 15% já nas próximas semanas, segundo a Abic. Isso tem acontecido porque a indústria está pagando mais caro pelo café que vem das fazendas.
O aumento é o reflexo de fatores como:
- a concretização do tarifaço de 50% dos EUA sobre o café brasileiro, que fez o preço do grão disparar na bolsa de Nova York, que é referência mundial para a negociação do grão;
- os baixos estoques de café no mundo, resultado de quatro anos seguidos de queda na colheita dos principais produtores do mundo em razão dos problemas climáticos;
- a queda na produção brasileira de café arábica, principal variedade produzida no país, neste ano;
- geadas no Cerrado Mineiro, que causaram um prejuízo de 424 mil sacas (25 mil toneladas), segundo a StoneX Brasil.
G1