Foto: Magnus Nascimento
O corredor de espera para doação de sangue do Hemocentro do Rio Grande do Norte (Hemonorte) enfrenta um cenário crítico em 2025. Das 800 bolsas semanais necessárias para manter o estoque adequado, a unidade conta atualmente com apenas cerca de 100 bolsas, correspondendo a 12,5% do volume suficiente para atender à demanda hospitalar.
A diretora de Hemoterapia do Hemonorte, Ivana Vilar, explica que a situação persiste desde o início do ano, afetando quase todos os tipos sanguíneos. “O governo investiu em leitos de UTI e em ações para reduzir a fila de cirurgias, mas tudo isso consome muito sangue. Continuamos com a mesma estrutura e número de servidores, o que dificulta aumentar o estoque, não apenas pela falta de doadores, mas também pela sobrecarga”, afirmou.
No momento, a unidade não possui estoque regular, contando com sangue suficiente apenas para um dia. Todos os tipos sanguíneos, exceto o B positivo — que ainda apresenta quantidade considerada adequada —, são utilizados apenas em situações de urgência. Para manter um estoque seguro, seria necessário que entre 200 e 220 pessoas doassem diariamente.
Maria de Lourdes, 57, doadora voluntária frequente, contou que, mesmo aposentada, se sente na obrigação de sair de casa para ajudar a salvar vidas. “Para mim é gratificante demais. Deixo qualquer obrigação de lado e venho doar. É muito importante”, disse.
Já o gerente comercial Vitor Matheus, 31, começou a ser voluntário quando seu pai precisou de doação. Ele também veio doar desta vez para um familiar, mas reforça que é doador frequente e valoriza a ajuda a outras pessoas. “Quando estamos bem, raramente pensamos na importância de doar sangue. Só ao ver alguém enfrentando uma situação difícil percebemos a necessidade de ajudar”, comentou.
Como doar
Podem doar sangue pessoas com idade entre 16 e 69 anos (menores de 18 precisam de autorização dos pais ou responsável legal), que pesem mais de 50 quilos, estejam em boas condições de saúde, bem alimentadas e apresentem documento oficial com foto.
No Hemonorte, o processo começa com cadastro e fornecimento de dados pessoais, seguido de uma palestra educativa sobre a doação. Depois, o voluntário passa por pré-triagem e triagem crítica, onde são avaliados sinais vitais, peso, altura e condições gerais de saúde. Um lanche pré-doação é oferecido para hidratação, e somente após essa etapa o sangue é coletado por punção venosa. Ao final, o doador recebe um lanche pós-doação, fundamental para repor o volume retirado.
As doações podem ser feitas na sede do Hemonorte, na Avenida Almirante Alexandrino de Alencar, 1800, Tirol, de segunda a sábado, das 7h às 18h. Também há coleta no Espaço Hemonorte, no Partage Shopping, na Zona Norte, de segunda a sábado, das 8h às 17h.
“Eu acredito que só quem realmente é doador entende a sensação. É aquele sentimento de estar salvando a vida de alguém — muitas vezes de mais de uma pessoa. Só quem já passou por isso sabe o quão gratificante é poder fazer a diferença na vida de alguém”, concluiu Ivana Vilar.
Deu na ‘Tribuna do Norte’